Rodrigo Maia: Presidente da Câmara Maia também cobrou o governo a "retomar o protagonismo" na agenda econômica para criar empregos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 8 de julho de 2019 às 11h01.
Última atualização em 8 de julho de 2019 às 15h48.
São Paulo - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira que tentará iniciar o processo de votação da reforma da Previdência no plenário da Casa no início da noite desta terça-feira, 9. De acordo com ele, a questão dependerá da garantia de que haverá quórum elevado e votos favoráveis suficientes.
Em seu podcast semanal, Maia afirmou esperar uma presença de mais de 490 deputados, dos 513, para não se correr riscos na hora da votação. Por se tratar de uma proposta de emenda à Constituição, a reforma precisa de, no mínimo, 308 votos a favor e deverá ser aprovada em dois turnos para passar ao Senado. O presidente da Câmara se reunirá com líderes partidários nesta segunda-feira, às 18h, para discutir este trâmite.
O debate sobre a proposta deverá ter início na manhã de terça, mas a expectativa dos parlamentares é de que ela só será de fato votada na quarta-feira, 10. "Vamos viver uma semana decisiva com o grande desafio que é a votação em plenário", disse.
Na gravação, Maia fez questão de acenar a seus colegas ao dizer que a Câmara é a responsável pelo êxito da proposta. "Todos participaram, os que defendem e os que não defendem. É importante entrar nesta semana com essa clareza, que a construção do texto da vitória, se ela acontecer, será uma construção do Parlamento, não será uma construção do governo", disse.
Maia afirmou que a equipe do presidente Jair Bolsonaro em algumas vezes atrapalhou o andamento das discussões em torno do tema, mas amenizou a crítica ao dizer que o governo tem ajudado nas últimas semanas. "Precisa ficar claro nesse processo, para que os parlamentares tenham conforto para votar, que o resultado dessa semana será o resultado do esforço e do trabalho de cada deputado", afirmou.
Durante boa parte do podcast, Maia destacou o protagonismo que o Congresso voltou a ter, em sua avaliação. "Sabemos que o governo ainda não conseguiu construir uma maioria parlamentar e, pela primeira vez desde a redemocratização, o Parlamento tem construído soluções para a recuperação econômica do País, o que significa a possibilidade da retomada de empregos, a redução das desigualdades e da pobreza", disse.
Para o deputado, a reforma da Previdência é fundamental no processo de recuperação econômica e de modernização do Brasil. Ele disse ainda esperar ver, já a partir do segundo semestre, redução de juros, retomada mais rápida da geração de empregos e propostas de aumento da competitividade da produtividade do setor privado brasileiro.
Sem falar sobre eleições, Maia fez um agradecimento ao apresentador Luciano Huck, que o elogiou em suas redes sociais. "São palavras que nos dão mais força e mais energia para continuar trabalhando com a certeza de que estamos no caminho certo", disse. Na semana passada, o deputado afirmou que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é um pré-candidato muito forte, mas disse também que "seria natural" estar com Huck se ele for candidato nas eleições de 2022.
"Tenho certeza que uma declaração dessa e de outros brasileiros que têm nos apoiado nos dá força para continuar avançando para trabalhar pela aprovação da reforma e de outras, com a certeza de que a Câmara está no caminho certo, trabalhando focada nos interesses da sociedade e recuperando o seu protagonismo que perdeu ao longo dos últimos anos", afirmou.
Líderes dos partidos de oposição vão se reunir nesta segunda-feira, às 16h na Câmara para definir quais serão as estratégias para obstruir a tramitação da reforma da Previdência no plenário da Casa nos próximos dias. A perspectiva é que as legendas que se opõem à proposta usem o chamado "kit obstrução", uma série de medidas previstas no regimento do parlamento que podem atrasar os trabalhos.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e governistas estão confiantes na aprovação da medida esta semana na Câmara. No entanto, o próprio secretário especial da Previdência, Rogério Marinho, já alertou que será preciso vencer a estratégia dos oposicionistas.
O líder da Oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), acredita que além da obstrução, os partidos terão outro obstáculo. "Não acreditamos que o governo já tenha os votos que alardeia. Além disso, acreditamos que podemos virar votos no plenário, ao longo do debate. À medida que mostrarmos a crueldade de algumas medidas, vários deputados vão mudar de posição", disse Molon ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Depois que os deputados conseguirem aprovar o texto base da reforma, em um primeiro turno, a Casa terá de avaliar destaques ao texto. Segundo Molon, a oposição deve repetir os que foram apresentados na comissão especial. De bancada foram apresentados 9.
Já para o segundo turno, a oposição vai estudar formas de barrar uma medida que poderia acelerar a tramitação que é a quebra de interstício, que depende de amplo acordo. Além da oposição, parlamentares de outras alas podem não concordar em dispensar o intervalo.