Economia

Maggi confirma suspensão de importação de carne aos EUA

Segundo o ministro da Agricultura, apesar da pressão dos pecuaristas americanos para embargar produtos, o governo já trabalha para reverter a situação

"Vamos abrir uma investigação para saber o tipo de reagente usado e se há resíduos nas carnes", disse Maggi (Ueslei Marcelino/Reuters)

"Vamos abrir uma investigação para saber o tipo de reagente usado e se há resíduos nas carnes", disse Maggi (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de junho de 2017 às 06h32.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 06h52.

Ribeirão Preto - O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, divulgou áudio no qual confirma e lamenta a suspensão de importação da carne in natura brasileira pelos Estados Unidos e informa que o governo já trabalha para tentar reverter a situação.

Maggi citou a pressão de pecuaristas norte-americanos que, segundo ele, tentam embargar o produto desde a abertura daquele mercado para a compra da carne fresca brasileira, oficializada há menos de um ano.

"Assim como comemoramos quando fomos liberados, lamentamos agora que fomos suspensos. Mas há que se entender também que estamos exportando carne para o maior concorrente que temos no mundo e há pressão grande de produtores americanos, desde a época da liberação, para que haja o embargo, que não se permita a chegada de carne brasileira lá", declarou Maggi. "Concordamos com a posição americana, vamos corrigir, porém temos de lutar", completou.

No começo da declaração, o ministro relatou a suspensão parcial anterior de cinco dos 13 frigoríficos habilitados a exportar carne in natura ao mercado norte-americano. Essa suspensão ocorreu, segundo ele, por causa da constatação de abscessos em cortes dianteiros de bovinos.

"Fomos informados, há alguns, dias da não-conformidade de exportações brasileiras de carne aos EUA. Essa não-conformidade são abscessos na carne, reação a componentes da vacina da febre aftosa", disse. "O Brasil é provavelmente o único país que é livre de aftosa com vacinação que exporta para Estados Unidos."

Segundo o ministro, esse mesmo problema teria causado a suspensão total, anunciada nesta quinta-feira, 22, pelo secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue.

"Estamos finalizando uma nova forma de inspeção dessas carnes nos frigoríficos para sermos mais rigorosos e, como é uma suspensão temporária, trabalharemos na semana que vem para finalizar planos já iniciados", afirmou.

O ministro relatou que vai encaminhar as informações pedidas aos Estados Unidos e, em seguida, pretende visitar aquele país juntamente com uma equipe do Ministério da Agricultura.

"Teremos as discussões necessárias para restabelecer esse mercado tão importante", explicou.

No fim do áudio, Maggi reafirmou que "muito provavelmente" os problemas que levaram à suspensão das importações da carne bovina pelos norte-americanos são reação à vacina aplicada aqui. Ele lembrou que os norte-americanos compram prioritariamente a parte dianteira dos bovinos, região onde a vacina é aplicada e o que teria causado os abscessos.

"Vamos abrir uma investigação para saber o tipo de reagente usado e se há resíduos nas carnes. Vamos tentar resolver esse assunto o mais breve possível, já que pecuária brasileira enfrenta grande dificuldade, com preços baixos e esse (EUA) era um canal importante para a manutenção dos preços aqui", concluiu.

Acompanhe tudo sobre:Carnes e derivadosEstados Unidos (EUA)Importações

Mais de Economia

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1