Macron: "Os EUA inventaram o multilateralismo. Agora, é quem deve ajudar a preservá-la e reinventá-la", disse o presidente francês (Aaron Bernstein/Reuters)
EFE
Publicado em 25 de abril de 2018 às 13h33.
Última atualização em 25 de abril de 2018 às 15h35.
Washington - O presidente francês, Emmanuel Macron, alertou nesta quarta-feira contra o isolacionismo e a "ilusão do nacionalismo" em discurso perante o Congresso dos EUA, no qual, além disso, pediu que não inicie uma "guerra comercial" com a União Europeia (UE) e combata a mudança climática porque "não há um planeta B".
Um dia antes de se reunir com o presidente americano, Donald Trump, Macron deu um discurso no qual expressou sua oposição a algumas posições desse líder que pioraram sua relação com a UE, e pediu que aposte em "um forte multilateralismo" que impeça a decadência de instituições como ONU e Otan.
"Fechar as portas ao mundo não parará a evolução do mundo", advertiu o líder francês.
"Eu não compartilho a fascinação pelos novos poderes fortes, o abandono da liberdade e a ilusão do nacionalismo", acrescentou.
O presidente francês propôs, por outro lado, um "novo tipo de multilateralismo" que preserve a ordem internacional "surgida após a segunda guerra mundial".
"Isto requer, mais do que nunca, a participação dos Estados Unidos, porque seu papel foi decisivo na hora de criar e salvaguardar o mundo livre de hoje. Os Estados Unidos inventaram este multilateralismo. Os senhores são os que agora têm que ajudar a preservá-lo e reinventá-lo", alegou Macron.
"Este é um momento crucial. Estou convencido que, se não atuarmos, as organizações internacionais, incluídas a ONU e a OTAN, não poderão cumprir com seu mandato", ressaltou, ao alertar sobre os "medos" e a "ansiedade" associados à globalização.
Esse discurso contrasta com a filosofia de Trump, cujo lema "dos Estados Unidos primeiro" tem tinturas isolacionistas e que deixou clara sua preferência pelas relações e pactos bilaterais ao invés dos multilaterais.
Na reunião desta terça-feira com Trump, Macron pediu que transforme em permanente a isenção temporária que o líder americano concedeu à UE para não aplicá-la, por enquanto, às tarifas de 25% e 10% às importações de aço e alumínio, respectivamente.
"Uma guerra comercial não é coerente com a nossa missão. O único que conseguirá é destruir empregos, aumentar os preços e a classe média terá que pagar por isso", argumentou Macron em seu discurso perante o Congresso.
Macron também se mostrou convencido que o desacordo sobre o Acordo de Paris sobre a mudança climática, do qual Trump anunciou a sua retirada no ano passado, é um atrito "a curto prazo", porque "a longo prazo será preciso enfrentar" o efeito da atividade humana no clima.
"Estamos matando nosso planeta. Não há um planeta B", indicou Macron.
"Tenho certeza que algum dia os Estados Unidos voltarão ao Acordo de Paris", previu Macron, que suscitou uma grande ovação na bancada democrata.