José Luis Gordon: programa para financiar ônibus elétricos no Brasil pode fomentar criaçãpo de indústria de baterias no país (Leandro Fonseca/Bvlgari)
Publicado em 8 de março de 2024 às 11h47.
Última atualização em 4 de novembro de 2024 às 15h40.
O diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), José Luis Gordon, afirmou à EXAME, em entrevista exclusiva ao programa Macro em Pauta, que o governo estuda e deve lançar ainda neste ano um programa nacional para estimular a venda de ônibus elétricos para substituir a frota atual e reduzir a emissão de carbono no país.
Os recursos para financiar essas operações devem ser ter origem no Fundo Clima, que possui R$ 10 bilhões de carteira, e recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Gordon ainda afirmou que esse programa governamental também tem potencial para incentivar o desenvolvimento da indústria de baterias elétricas no Brasil.
"O governo federal fez um mapa do que tem [de demanda por ônibus elétricos no país].O presidente Lula deve anunciar um grande programa voltado para ônibus elétricos. E eu enxergo que isso há potencial para, por exemplo, desenvolver baterias no Brasil. Já existem empresas que montam baterias no Brasil. Mas a célula, que é o mais importante, vamos conseguir desenvolver no Brasil. Isso nos coloca em outro patamar", disse.
Gordon também relembrou o início do processo para o financiamento de ônibus elétricos no Brasil ganhou força a partir de uma operação estruturada para o município de São Paulo. Como mostrou a EXAME, o BNDES aprovou em outubro de 2023 o financiamento de R$ 2,5 bilhões para a aquisição de ônibus elétricos pela capital paulista.
Com esse valor, podem ser comprados entre 1.000 e 1.300 ônibus movidos exclusivamente a bateria. A quantidade pode viabilizar a substituição de 10% da frota atual da capital, de 13.000 veículos. A expectativa dessa iniciativa é evitar a emissão de aproximadamente 63.000 toneladas de CO2 equivalente/ano na atmosfera da cidade.
"Essa foi uma operação muito interessante que o município fez. O ônibus elétrico é algo em torno de três vezes mais caro que o ônibus tradicional. A diferença [de valor] entre o ônibus elétrico e o tradicional, a prefeitura subvencionou, colocou o dinheiro. O restante do valor foi pago com financiamento. Nesse caso, o BNDES financiou via Finame. Essa linha tem normas de conteúdo nacional, que fortalece a indústria nacional. Esse é um instrumento inovador feito pelo BNDES e pela prefeitura de São Paulo. O banco saiu na frente. Temos visto que isso está crescendo", disse.