Economia

Macri diz que cortará ministérios e haverá imposto sobre exportações

Presidente da Argentina ainda confirmou que o acordo com o Fundo Monetário Internacional será revisto

Presidente da Argentina, Mauricio Macri, durante coletiva de imprensa em Buenos Aires  18/07/2018 REUTERS/Marcos Brindicci (Marcos Brindicci/Reuters)

Presidente da Argentina, Mauricio Macri, durante coletiva de imprensa em Buenos Aires 18/07/2018 REUTERS/Marcos Brindicci (Marcos Brindicci/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de setembro de 2018 às 12h10.

Última atualização em 3 de setembro de 2018 às 18h38.

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciou em discurso nesta segunda-feira algumas medidas em sua estratégia para controlar as contas públicas, que devem ser detalhadas posteriormente. Insistindo na necessidade de um sacrifício dos argentinos para enfrentar a crise local dos últimos meses, Macri disse que o número de ministérios deve ser reduzido a "menos da metade" e também que haverá um imposto sobre as exportações. Mesmo dizendo que concorda que esse imposto não é o ideal, ele argumentou que "nesta emergência" ele é necessário, no âmbito do ajuste. Ele ainda confirmou que o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) será revisto.

Em sua fala, Macri admitiu em vários momentos o impacto que o quadro atual representa para a população argentina, reconhecendo que haverá aumento na pobreza com a desvalorização do câmbio nos últimos meses. Para enfrentar isso, disse que serão ampliados alguns programas sociais, como um pagamento a famílias pobres e também programas alimentares.

"Recebemos um golpe duro nos últimos meses", afirmou Macri, referindo-se à mudança do humor nos mercados internacionais, que passaram a retirar recursos de mercados emergentes e privilegiar países mais seguros, como os Estados Unidos, onde está em andamento um aperto monetário gradual. Ele citou problemas recentes na Turquia e "sobretudo no Brasil" como fatores que influem em seu país, sem dar detalhes. Segundo o presidente argentino, por causa desse contexto a estratégia de ajuste gradual orquestrada por ele até então não se mostra mais factível. "A realidade mostrou que precisamos ir mais rápido no ajuste."

O presidente comentou que problemas internos argentinos também influenciam no quadro, sobretudo o desequilíbrio entre os gastos e a receita. "Não podemos gastar mais do que arrecadamos e muito menos conviver com a corrupção", disse, referindo-se também ao atual escândalo de corrupção que afeta várias lideranças oposicionistas locais e que segundo o presidente prejudica a confiança. "Temos de fazer todo o esforço para ajustar as contas públicas."

Macri defendeu sua estratégia de fechar um acordo com o FMI, alvo de críticas de opositores. Segundo ele, o apoio do Fundo foi "inédito", pelo montante e pela rapidez com que foi fechado. Agora, com o estresse recente sobre o câmbio no país, o FMI já concordou em rever os termos e fechar um novo plano. "Os detalhes técnicos do novo acordo estarão prontos em alguns dias" disse o presidente. "O novo acordo com o FMI acabará com as dúvidas sobre nosso financiamento em 2019."

O FMI fechou em junho um pacote de US$ 50 bilhões para a Argentina, o que deveria dar mais segurança sobre a trajetória do país. As dúvidas sobre a questão fiscal, porém, continuaram, o que fez o peso argentino continuar a ficar sob pressão, também por causa de fatores internacionais. Nesse quadro, o governo de Buenos Aires já havia dito na semana passada que revisará o acordo com o FMI. Nesta semana, autoridades do governo argentino vão a Washington para tratar do assunto: o ministro Dujovne viaja hoje com esse propósito.

"Com essas medidas começamos a superar a crise", disse Macri, ressaltando que pretende fazer um ajuste estrutural, para acabar com o histórico de crises de tempos em tempos no país. Ele afirmou que há diálogo com nomes na oposição, para elaborar a estratégia de ajuste. "O Estado gasta muito mais do que tem", insistiu durante seu pronunciamento. "Houve muitas crises, mas agora temos um governo que enfrenta a realidade sem escondê-la, honestamente", argumentou. "Não temos medo de pagar os custos para fazer frente a essa realidade e mudá-la", discursou. "Essa não é uma crise a mais, tem de ser a última", disse ainda.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaCrise econômicaFMIMauricio Macripeso-argentino

Mais de Economia

Trump corta isenção para vendas online de 'blusinhas' chinesas nos EUA

Câmara aprova urgência para projeto da 'reciprocidade' em resposta ao tarifaço de Trump

Pagamento do 13º de aposentados não será em abril, diz Tebet

Tarifaço de Trump preocupa governo, pode impactar inflação global e elevar desemprego, diz Tebet