Economia

Lula veta prorrogação da desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia

A desoneração da folha é um mecanismo que reduz a carga tributária da contribuição previdenciária para algumas empresas

Lula: movimento Desonera Brasil defende que veto pode causar demissões (Andressa Anholete/Getty Images)

Lula: movimento Desonera Brasil defende que veto pode causar demissões (Andressa Anholete/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 24 de novembro de 2023 às 07h31.

Última atualização em 24 de novembro de 2023 às 13h03.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou integralmente na noite de quinta-feira, 23, o projeto de lei que estendia até 2027 a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e reduzia a contribuição para a Previdência Social paga por pequenos municípios. O veto foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União.

Na justificativa presidencial, Lula afirma que apesar da boa intenção do Congresso, o projeto é inconstitucional e contraria o interesse público por criar renúncia fiscal sem apresentar impactos financeiros e formas de compensação. Na proposta aprovado pelo Congresso, ainda havia previsão de redução da alíquota da contribuição previdenciária patronal imputada a municípios. Segundo cálculo do governo, o impacto da desoneração nas contas públicas chega a R$ 9,4 bilhões por ano.

"A proposição legislativa padece de vício de inconstitucionalidade e contraria o interesse público tendo em vista que cria renúncia de receita sem apresentar demonstrativo de impacto orçamentário-financeiro para o ano corrente e os dois seguintes, com memória de cálculo, e sem indicar as medidas de compensação", escreveu.

A desoneração da folha é um mecanismo que permite que empresas de determinados setores paguem alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários. Na prática, o PL reduz a carga tributária da contribuição previdenciária para algumas empresas. A medida foi criada ainda na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2011, e foi sucessivamente prorrogada. Com o veto presidencial, a proposta perderá a validade em dezembro deste ano, a não ser que o Congresso derrube o veto de Lula.

Em carta, o movimento Desonera Brasil, que reúne representantes dos setores a ser desonerados, afirmou que o projeto impacta 8,9 milhões de empregos formais diretos, além de outros milhões de postos de trabalho derivados da rede de produção dessas empresas. O grupo defende que a desoneração é “fundamental" para preservação de empregos.

Os 17 setores beneficiados pela desoneração da folha

  • Confecção e vestuário,
  • Calçados,
  • Construção civil,
  • Call center,
  • Comunicação,
  • Empresas de construção e obras de infraestrutura,
  • Couro,
  • Fabricação de veículos e carroçarias,
  • Máquinas e equipamentos,
  • Proteína animal,
  • Têxtil,
  • TI (tecnologia da informação),
  • TIC (tecnologia de comunicação),
  • Projeto de circuitos integrados,
  • Transporte metroferroviário de passageiros,
  • Transporte rodoviário coletivo,
  • Transporte rodoviário de cargas.
Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaDesoneração da folha de pagamentos

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo