Economia

Lula reclama de decisão do Banco Central sobre taxa de juros: ‘Uma pena que manteve’

Nesta quarta-feira a autoridade financeira manteve a taxa básica de juros em 10,5% ao ano

Lula: governo atual enfrenta muitos desafios em diversos setores (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Lula: governo atual enfrenta muitos desafios em diversos setores (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Agência o Globo
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Publicado em 20 de junho de 2024 às 13h58.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou nesta quinta-feira a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, após sete cortes consecutivos iniciados em agosto do ano passado, quando a taxa estava em 13,75%. Segundo Lula, "quem está perdendo com isso é o Brasil".

— Foi uma pena que o Copom manteve, porque quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro, porque quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro, e isso tem que ser tratado como gasto — disse o presidente em entrevista à Rádio Verdinha, do Ceará.

Na quarta-feira, o Copom decidiu por unanimidade a favor da manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano. Mesmo os diretores indicados por Lula, que vem pedindo juros mais baixos, votaram pela interrupção do ciclo de cortes.

Segundo o comunicado publicado pelo BC, a decisão do COPOM foi unânime, com votos favoráveis dos nove integrantes do Copom, em contraste com a divisão (5 a 4) da reunião anterior, que terminou com redução de 0,25 ponto percentual na Selic.

Com a fala de Lula, o dólar reverteu a queda registrada na abertura do pregão desta quinta-feira, abaixo de R$ 5,40, e operava estável por volta do meio-dia, a R$ 5,44. Após o Copom anunciar sua decisão, especialistas acreditavam que a manutenção da taxa de juros em 10,50% daria alívio à moeda americana, que, nos últimos dias, vinha registrando altas consecutivas, acumulando valorização de mais de 12% no ano.

Na quarta-feira, antes da reunião do Copom, a tensão no mercado fez o dólar chegar a R$ 5,48. Mas a moeda acabou perdendo fôlego e fechou a R$ 5,44. Ainda assim, foi o maior patamar desde janeiro de 2023.

Críticas ao BC e a Campos Neto

Lula voltou a criticar a gestão do atual presidente da autoridade financeira, Roberto Campos Neto e a autonomia do Banco Central. Em 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a lei que estabeleceu que o presidente e diretores do BC terão mandatos fixos de quatro anos, não coincidentes com o do Presidente da República.

— O Meirelles tinha autonomia comigo tanto quanto teve o rapaz de hoje, só que o Meirelles era uma pessoa que era um cara que eu tinha o poder de retirar, como o Fernando Henrique Cardoso tirou tantos e outros tiraram tantos. Aí resolveram entender que era importante colocar alguém, que tivesse um BC independente que tivesse autonomia, ora autonomia de quem. autonomia para servir quem, para atender quem? — disse o presidente.

Na terça-feira, o presidente já havia criticado o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Lula afirmou que o comportamento da instituição é a única coisa "desajustada" na economia do país. E comparou Campos Neto ao ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União-PR), que foi o responsável por condená-lo na Lava-Jato. Segundo o petista, Campos Neto tem "lado político" e não demonstra "capacidade de autonomia".

— Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil nesse instante, é o comportamento do Banco Central, essa é uma coisa desajustada. Um presidente do BC que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que na minha opinião trabalha muito mais para prejudicar o país do que ajudar, porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está — afirmou o presidente em entrevista à CBN.

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