Luiz Inácio Lla da Silva durante entrevista para a rádio CBN de Fortaleza (CE) (YouTube / Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 11 de outubro de 2024 às 11h20.
Última atualização em 11 de outubro de 2024 às 11h21.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que a isenção do importo de renda para aqueles que ganham até R$ 5 mil precisa ser compensada por ricos. Lula afirmou que o governo tem intenção de ampliar ainda mais a taxa de isenção e que não considera o salário uma renda. Em entrevista a Rádio O Povo/CBN de Fortaleza, Lula também defendeu a permanência do saque-aniversário.
"Você não pode fazer com que as pessoas que ganham R$ 5 mil paguem imposto de renda enquanto os caras que têm ação da Petrobras recebem R$ 45 bilhões de dividendos sem pagar IR. Você não pode cobrar 25% ou 15% de um trabalhador que ganha R$ 4 mil e deixar os caras que recebem herança sem pagar. É apenas uma questão de justiça. O povo trabalhador proporcionalmente paga mais imposto do que o rico. Então o que queremos é isentar pessoas até R$ 5 mil e no futuro isentar mais. Na minha cabeça a ideia é que salário não é renda. Renda é o cara que vive de especulação, esse sim devia pagar IR".
Lula afirmou que apesar do saque aniversário causar um "problema na poupança do fundo de garantia", não é possível acabar com o benefício porque prejudicaria muitas pessoas.
"Temos dois debates hoje. Temos o saque aniversário, fundo de garantia, que é uma coisa que está causando certo problema na poupança do fundo de garantia, mas a gente tem noção que não pode acabar porque ai mexer com muita gente, mas o que a gente quer é fazer com que os trabalhadores da iniciativa privada tenham direito a crédito consignado", afirmou.
Segundo dados oficiais, mais de nove milhões de trabalhadores que decidiram pegar parte do saldo no mês do aniversário não puderam receber o valor total do fundo, durante os mais de quatro anos da existência desse tipo de saque. A regra impediu o resgate de R$ 5 bilhões.
O governo avaliava enviar ao Congresso Nacional um projeto acabando com essa modalidade e propondo um formato que dará ao trabalhador do setor privado mais acesso ao crédito consignado, ou seja, quando há descontos na folha de pagamento.
"Acho que os trabalhadores vão concordar que se tiverem crédito consignado não precisa comprometer o fundo de garantia. Porque hoje o trabalhador que recebeu uma parte do fundo de garantia não pode retirar nem se for mandado embora, isso é um absurdo", afirmou Lula.
O presidente afirmou que o governo estuda a mudança, mas que não deve ser possível tirar do papel ainda neste ano.
"Tudo isso a gente quer fazer de forma conversada e acordada. Não sei se dará pra fazer isso esse ano porque discutimos isso meses atrás, o ministro do trabalho fica pesquisando, discutindo com a Fazenda, e é importante não fazer rápido para não fazer coisa errada".
Lula destacou ainda que é preciso que o projeto seja acordado com o Congresso Nacional para não ser "tripudiado".
"A gente tem que mandar uma coisa que seja plausível e toda vez eu faço questão de conversar com as lideranças do Congresso Nacional, porque se a gente não conversar antes com as lideranças a gente manda um projeto para o Congresso Nacional chega lá ele é tripudiado".