Galípolo: atual diretor de Política Monetária foi indicado para assumir a presidência do BC (Lula Marques/Agência Brasil)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 28 de agosto de 2024 às 15h29.
Última atualização em 28 de agosto de 2024 às 16h05.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou o atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, para a presidência do Banco Central (BC). O anúncio foi feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira, 28, ao lado de Galípolo.
"O presidente me encarregou de anunciar que hoje indicará Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central", disse Haddad.
Para assumir o cargo, Galípolo passará por uma sabatina no Senado Federal e terá que ter o seu nome aprovado pelos senadores. A expectativa do governo é que a sabatina ocorra até o dia 17 de setembro.
Caso seja efetivado, Galípolo poderá ficar no cargo por quatro anos, podendo ser reconduzido por mais quatro.
"Sabatina é uma atribuição do Senado, mas creio que o presidente Pacheco e o presidente Lula já conversaram sobre as datas", disse Haddad.
Galípolo assumirá o lugar de Roberto Campos Neto, que deixa o cargo no fim do ano. Após o anúncio, o diretor do BC não respondeu questionamentos da imprensa após o anúncio, mas disse que recebe a indicação com uma "honra enorme".
"A indicação ainda depende da aprovação do Senado. Então, por respeito, serei breve. Mas dizer que, na mesma magnitude, uma honra, um prazer, e uma responsabilidade imensa ser indicado à Presidência do Banco Central do Brasil pelo ministro Fernando Haddad e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É uma honra enorme, uma grande responsabilidade, e estou muito contente", disse ao lado de Haddad.
Ontem, em participação em evento do Santander, Haddad havia sinalizado que a indicação aconteceria até o início de setembro para que o BC tenha uma transição tranquila. O chefe da Fazenda afirmou que a data foi definida após um entendimento com Roberto Campos Neto.
A indicação de Galípolo já era esperada pelo mercado. O diretor de Política Monetária tem adotado um tom mais duro em relação à política monetária, sinalizando em mais de uma oportunidade que o Banco Central elevará os juros se entender que é necessário para atingir a meta de inflação.
Galípolo tem 42 anos e é formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política, ambos pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Ele também é pesquisador sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
O economista é o atual diretor de Política Monetária do Banco Central e foi Secretário-Executivo do Ministério da Fazenda em 2023, no início do governo Lula. Antes, teve cargos na gestão José Serra em São Paulo, onde foi chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo em 2007 e diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo em 2008.
O indicado à chefia do BC foi presidente do Banco Fator por quatro anos, de 2017 a 2021, tendo deixado a instituição após o BTG Pactual (do mesmo grupo controlado pela EXAME) comprar a Fator Corretora.
Em 2009, fundou a Galípolo Consultoria, da qual é sócio-diretor. Foi professor da Graduação da PUC-SP, é professor do MBA de PPPs e Concessões da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo em parceria com a London School of Economics and Political Science, e é membro do Grupo de Estudos em História e Filosofia da Física da UFRJ.
Segundo o BC, o presidente da instituição tem o papel de representar a autoridade monetária no país e no exterior; participar, como membro integrante, com direito a voto, das reuniões do Conselho Monetário Nacional (CMN); definir a competência e as atribuições dos membros da Diretoria; e se relacionar, em nome do governo federal, com instituições financeiras estrangeiras e internacionais.
Também é função do presidente do Banco Central decretar regime de resolução em instituições submetidas à fiscalização da instituição e designar o responsável por sua condução; presidir as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef).
Além disso, o presidente do BC deve integrar colegiados internacionais, tais como: Conselho de Governadores do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) (dos Brics), Junta Governativa do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), Junta Governativa do FMI, Bank of International Settlements (BIS) e Financial Stability Board (FSB).