Economia

Lula diz que a fome 'existe por decisão política' e quer tirar o Brasil do Mapa da fome até 2026

Para presidente, fome 'tem o rosto de uma mulher e a voz de uma criança'. Ele participa de evento do G20 no Rio

Lula: governo atual enfrenta muitos desafios em diversos setores (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

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Agência o Globo
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Publicado em 24 de julho de 2024 às 14h39.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que a fome "não é uma coisa natural" e que "ela existe por decisão política". Ele também reafirmou seu compromisso de campanha de acabar com a insegurança alimentar no país e tirar o Brasil do Mapa da Fome até o fim de seu mandato.

Um desafio diante dos números apresentados hoje: ainda existem 8,4 milhões de brasileiros que passam fome, segundo relatório da ONU divulgado nesta manhã.

– A fome não é uma coisa natural. Ela existe por decisão política. Por favor, olhem os pobres porque eles são serem humanos, são gente e querem ter oportunidade - disse Lula no fim do seu discurso, falando de improviso.

Para ele não é possível, que na metade do século XXI, estejamos discutindo inteligência artificial “sem consumir a inteligência natural que já temos”.

As declarações foram dadas no pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, no Rio, principal iniciativa da presidência brasileira no G20, para combater a fome no mundo.

– A fome tem o rosto de uma mulher e a voz de uma criança. Mesmo que elas preparem a maioria das refeições e cultivem boa parte dos alimentos, mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome no mundo.

Mapa da Fome

Ele disse ainda que o combate à fome depende de decisões políticas:

- A fome não resulta apenas de fatores externos, mas decorre sobretudo de escolhas políticas. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos.

E complementou:

– Tomamos a decisão política de colocarmos os pobres no orçamento (...) Ainda temos mais de 8 milhões de brasileiros nessa situação. Este é um compromisso do meu governo: acabar com a fome, como fizemos em 2014 (...) Meu amigo, diretor-geral da FAO, pode se preparar para anunciar em breve, ainda no meu mandato, que o Brasil saiu novamente do Mapa da Fome.

Há diferentes critérios de fome usados por distintas instituições. A ONU coloca no Mapa da Fome os países que possuem mais de 2,5% da população na condição de subalimentação. O Brasil voltou ao Mapa da Fome durante a pandemia, do qual estava fora, pelo menos, desde o triênio de 2014 a 2016.

Taxação de super-ricos

Lula disse ainda que a riqueza dos bilionários passou de 4% do PIB mundial para quase 14% nas últimas décadas, e que "alguns indivíduos controlam mais recursos que países inteiros".

– Alguns indivíduos controlam mais recursos do que países inteiros. Outros possuem até programas especiais próprios. Vários países enfrentam problema parecido: no topo da pirâmide, o sistema tributário deixa de ser progressivo e passa a ser regressivo.

Uma das propostas da presidência brasileira do G20 é justamente taxar os super-ricos. Segundo números apresentados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a taxação global de 2% sobre super-ricos traria arrecadação de US$ 200 bilhões a US$ 250 bilhões por ano.

– Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora. Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido no tema da cooperação tributária para estabelecer padrões mínimos de tributação global, fortalecendo as iniciativas existentes e incluindo os bilionários – disse Lula.

Pelotão de ministros

Dez ministros estiveram presentes na cerimônia, além do assessor especial, Celso Amorim.

Participaram do evento:

  • ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira;
  • o ministro da Fazenda, Fernando Haddad;
  • o ministro, substituto, da Cultura, Márcio Tavares;
  • o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias;
  • a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck;
  • o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira;
  • a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco;
  • a ministra da Saúde, Nísia Trindade;
  • o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo;
  • o ministro, interino, da Secretaria de Comunicação Social, Laércio Portela.
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