Presidente Lula tem até o dia 15 para decidir sobre aumento, mas deve resolver a questão ainda nesta semana (.)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2010 às 07h25.
Brasília - O presidente Lula tem até o dia 15 de junho para decidir o reajuste dos aposentados que recebem mais de um salário mínimo por mês. No entanto, as expectativas são que o impasse entre os 6,14% propostos pelo governo e os 7,72% aprovados pela Câmara e pelo Senado tenha solução antes do prazo oficial.
Segundo Roberto Piscitelli, professor especialista na área de previdência, a decisão deve sair ainda nesta semana. "Antes que comece o clima de Copa do Mundo", explica ele. Para o professor, Lula deve optar por vetar a extinção do fator previdenciário, mas o aumento deverá ser mantido. "Seria ruim para a imagem política dele deixar de reajustar a aposentadoria", avalia.
O reajuste gera divergência dentro do governo. De um lado, os ministros do Trabalho, Carlos Lupi, e da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, concordam com aumento de 7,72% na folha de quem já parou de trabalhar. Já os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) defendem o veto do reajuste.
Na análise do professor, o reajuste não deve causar grandes danos à Previdência. Piscitelli defende que o valor de R$ 1,8 bilhão a mais na verba de R$ 6,7 bilhões que o governo já estipulou para aumentar a aposentadoria é relativamente baixo. "A usina de Belo Monte, por exemplo, tem orçamento inicial de R$ 20 bilhões", compara.
Para Piscitelli, é necessário que se estabeleçam as regras do jogo na Previdência para que se consiga coibir fraudes e impedir que, no futuro, todos os aposentados recebam muito pouco. "Do jeito que está, daqui a 10 anos, os velhinhos estarão ganhando, proporcionalmente, muito menos do que ganhavam quando se aposentaram", alertou.
A Medida Provisória que garante aumento de 7,72% para aposentados que recebem mais de um salário mínimo por mês foi aprovada pela Câmara dos Deputados no dia 4 de maio. Há duas semanas, o Senado Federal deliberou a favor da MP; na Casa, a votação foi simbólica, durando apenas cinco minutos. Segundo cálculos dos técnicos da Câmara, o reajuste cria uma despesa adicional de R$ 5,6 bilhões a partir do ano que vem.