Economia

Lula critica resistência dos EUA à decisão da OMC

Belém, Cisjordânia - Diante de uma plateia de 120 empresários brasileiros e palestinos, em Belém (Cisjordânia), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou novamente os Estados Unidos por não terem cumprido a decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) de cortar os subsídios aos seus produtores e exportadores de algodão. Lula afirmou que a […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.

Belém, Cisjordânia - Diante de uma plateia de 120 empresários brasileiros e palestinos, em Belém (Cisjordânia), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou novamente os Estados Unidos por não terem cumprido a decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) de cortar os subsídios aos seus produtores e exportadores de algodão. Lula afirmou que a resistência dos EUA levará o Brasil a adotar as retaliações, que foram autorizadas pela OMC. Mas também culpou Washington pelo fracasso da Rodada Doha e por defender uma liberalização comercial que apenas traria proveito aos EUA.

A decisão brasileira sobre a retaliação a produtos americanos deverá ser tomada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) no início de abril, caso não seja concluída a negociação de uma alternativa temporária à eliminação dos subsídios ao algodão. No final deste mês, será concluída a consulta pública sobre os segmentos que podem submetidos a sanções na área de propriedade intelectual. Mas essa decisão final ainda demandará estudos técnicos.

"Quando nós ganhamos na OMC, achamos que os EUA iam dar o exemplo de cumprimento, de obediência a uma decisão multilateral. Qual a nossa surpresa porque os EUA não acataram a decisão da OMC, impondo ao Brasil a necessidade de fazer alguma retaliação aos produtos americanos", afirmou o presidente.

Apesar de o Brasil ter obtido a autorização para aplicar um total de US$ 829 milhões em sanções contra bens e direitos de propriedade intelectual dos EUA, Lula alegou à plateia que os subsídios americanos ao algodão não afetaram o setor brasileiro, "que é competitivo". Ele alegou que o prejuízo dessa política de subvenções recai aos países pobres, sobretudo aos africanos. O Brasil, entretanto, iniciou a controvérsia sob o argumento dos danos financeiros acarretados os produtores nacionais, que compuseram a base de cálculo do valor das retaliações autorizadas.

Para Lula, os EUA pecaram na área comercial, sobretudo na fase em que mais defenderam a liberalização, nos anos 90. Segundo ele, a aposta dos "países ricos" na Rodada Doha respondia a seus interesses em vender e não comprar. "Aquele discurso cantado em verso e prosa, que foi feito até dez anos atrás, não é tão verdadeiro", disse.

"O livre-comércio era muito defendido quando os países ricos queriam vender os seus produtos aos países pobres", assinalou Lula, para lembrar em seguida a taxação americana ao etanol brasileiro.

Palestina

O presidente disse aos empresários que vai levar adiante uma proposta de negociação de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Palestina. Também estimulou a plateia a investir no Plano Palestina Adiante, uma espécie de mini-PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que envolve a construção de infraestrutura básica nos territórios palestinos e um montante de US$ 5,5 milhões. "Temos muito a contribuir para criar novas fronteiras para os produtos palestinos", completou.

 

Acompanhe tudo sobre:ComércioComércio exteriorEstados Unidos (EUA)Luiz Inácio Lula da SilvaPaíses ricosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto