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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Lusaca (Zâmbia) e Brasília - Ao discursar hoje (8) para empresários brasileiros e zambianos, em Lusaca, capital da Zâmbia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou o exemplo da queda de braço entre Brasil e os Estados Unidos devido aos subsídios do governo norte-americano aos produtores de algodão. O caso ilustrou a tese do presidente de que os países africanos devem procurar soluções próprias, não ditadas pelos países ricos, para resolver seus próprios problemas.
"Nós ganhamos", disse Lula. "Agora, entre a gente ganhar e eles cumprirem, tivemos que editar uma medida provisória com retaliação aos produtos americanos, para que eles descobrissem que nós não estávamos brincando", ressaltou.
O que o presidente considera vitória do Brasil é o fato de que, na semana passada, o governo americano depositou a primeira parcela, de US$ 30 milhões, dos US$ 147,3 milhões anuais que devem ser creditados na conta do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).
Esse fundo de compensação para financiar projetos ligados à produção brasileira de algodão foi proposto pelos Estados Unidos para evitar as retaliações autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), em novembro de 2009, por causa de subsídios concedidos aos produtores pelo governo norte-americano.
Ao todo, a retaliação poderia ser até US$ 830 milhões, entre elevação de tarifas de importação e propriedade intelectual que pode ser quebrada pelo Brasil. Um acordo fechado no mês passado entre os governos brasileiro e norte-americano, no entanto, suspendeu o início das retaliações até o final de 2012, quando os Estados Unidos deverão reformular sua lei agrícola para limitar os gastos com subsídios e reduzir a ajuda no programa de garantias de crédito à exportação do algodão.
A "novela" do algodão teve início em setembro de 2002, quando o Brasil apelou à OMC contra subsídios dados pelos EUA a seus produtores de algodão, que causavam distorção no comercio internacional, prejudicando os cotonicultores brasileiros.