Economia

Limite da UE a bônus gera mais salários milionários

O número de banqueiros da União Europeia que ganham mais de 1 milhão de euros (US$ 1,1 milhão) aumentou em 2014


	Notas de euro: clube dos funcionários que ganham mais de um milhão de euros aumentou em 22 por cento em relação a 2013
 (AFP)

Notas de euro: clube dos funcionários que ganham mais de um milhão de euros aumentou em 22 por cento em relação a 2013 (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de março de 2016 às 22h00.

O número de banqueiros da União Europeia que ganham mais de 1 milhão de euros (US$ 1,1 milhão) aumentou em 2014.

O motivo é que o limite imposto aos bônus dentro do mercado comum gerou uma mudança em direção ao salário fixo, segundo a Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês).

O clube dos funcionários que ganham mais de um milhão de euros aumentou em 22 por cento em relação a 2013, para 3.865, e a maior parte trabalha no Reino Unido, que registrou um aumento de 40 por cento, disse a EBA em um relatório, nesta quarta- feira.

O aumento mais agudo se deu principalmente pela valorização da libra em relação ao euro, disse o órgão regulador com sede em Londres.

Desconsiderando o efeito cambial, o número de banqueiros britânicos com os salários mais elevados teria aumentado 16 por cento.

A proibição da UE a bônus de mais de duas vezes os salários fixos levou muitos bancos a aumentarem o salário à custa da remuneração variável, disse a EBA.

O coeficiente médio entre ganho variável e salário fixo entre aqueles com maiores ganhos caiu para 127 por cento em 2014, contra 317 por cento um ano antes.

A Comissão Europeia, braço executivo da UE, está reavaliando o limite sobre os bônus dos banqueiros, que receberam severas críticas de alguns órgãos reguladores, especialmente no Reino Unido, e do setor financeiro.

Jonathan Hill, o comissário de serviços financeiros da UE, disse que o limite poderia distorcer os incentivos aos banqueiros.

Se o limite “levar a aumentos no salário fixo, e por isso não houver uma forma mais flexível de reduzi-lo quando o desempenho cair”, poderia desequilibrar os incentivos por enfraquecer a conexão entre remuneração e desempenho, disse Hill, no início deste mês.

‘Tomada de risco excessiva’

Mark Carney, presidente do Banco da Inglaterra, foi além nas críticas ao impacto do limite ao bônus, que pode “ter o mesmo efeito colateral indesejado” de tornar mais difícil o controle ao pacote global de ganhos de um banqueiro. Com o limite em vigor, os órgãos reguladores poderiam precisar desenvolver regras para “colocar os pagamentos que não são bônus ou os salários fixos em risco” para “garantir que a carga da tomada de risco excessiva e da má conduta dos funcionários ainda possa ser suportada por esses funcionários”, disse ele, em 2014.

A EBA disse que quando pediu opiniões do setor e do público sobre as diretrizes planejadas para a remuneração dos bancos, muitos dos que participaram disseram que o limite aos bônus “afetaria negativamente a flexibilidade de custo das instituições e poderia provocar um impacto negativo sobre a estabilidade financeira delas”.

Mas o órgão regulador rejeitou essas preocupações. “O limite aos bônus levou a um aumento muito pequeno nos custos fixos e apenas em algumas instituições”, disse a EBA. “A presente análise não mostra nenhum indicativo de que os limites aos bônus tenha um efeito potencialmente prejudicial à estabilidade financeira das instituições”.

Flexibilidade de custo

Os salários fixos para os chamados colaboradores identificados -- banqueiros que poderiam, na prática, alterar o perfil de risco de suas empresas -- respondem por menos de 5 por cento dos custos administrativos da maioria dos bancos e por menos de 10 por cento em quase todos os casos, disse a EBA.

“Essa proporção se ampliou em comparação com o passado principalmente devido ao aumento do número de colaboradores identificados”, disse o órgão regulador. “Dada a baixa porcentagem de remuneração fixa para colaboradores identificados em termos de custos administrativos globais e o aumento limitado na remuneração fixa para todos os colaboradores identificados devido ao limite de bônus, o efeito do limite sobre a flexibilidade do custo não é material para a flexibilidade de custo global das instituições”.

A porcentagem de funcionários com altos salários que são colaboradores identificados aumentou para 87 por cento em 2014, contra 59 por cento um ano antes, depois que as regras para identificá-los foram apertadas, disse a EBA.

Acompanhe tudo sobre:BancosEuropaFinançasImpostosLeãoUnião Europeia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto