Economia

Líder do PT na Câmara fala em votar reforma tributária hoje e tentar Carf e arcabouço amanhã

Presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no encontro com líderes partidários sinaliza esforço do governo para viabilizar votação do projeto do Carf

Líder do PT afirma que reforma tributária será votada hoje e restante da pauta amanhã (Pablo Valadares/Agência Câmara)

Líder do PT afirma que reforma tributária será votada hoje e restante da pauta amanhã (Pablo Valadares/Agência Câmara)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 6 de julho de 2023 às 16h43.

O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), afirmou ao Broadcast Político que a definição da reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi de votar a reforma tributária nesta quinta-feira, 6, e tentar aprovar o restante da pauta amanhã, o que inclui o projeto de lei que retoma o chamado "voto de qualidade" no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e o arcabouço fiscal.

A reunião contou com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em meio a um impasse político para a votação do Carf, que pode ficar para agosto caso o governo não consiga atender as demandas do Centrão. A avaliação na Câmara é que tudo dependendo de entendimento entre o Palácio do Planalto e os deputados. "Faz a diferença. Ele tem o maior prestígio entre os líderes", disse Zeca, sobre a presença de Haddad no encontro. "A definição é votar a reforma tributária hoje e amanhã restante da pauta", emendou.

Insatisfação do Governo Lula

Ontem, o governo resolveu chamar os principais líderes partidários da Câmara ao Palácio do Planalto para resolver as insatisfações com liberação de emendas e cargos e, dessa forma, viabilizar a votação do PL do Carf. A avaliação é que a proposta está travada por questões políticas, e não mais por impasses sobre o mérito do texto.

O relator do projeto, Beto Pereira (PSDB-MS), apresentou seu substitutivo na última segunda-feira, 3. Ele manteve o "voto de qualidade", que prevê desempate favorável à Receita Federal nos julgamentos do órgão, mas excluiu as multas de ofício cobradas aos contribuintes em caso de derrota.

Mudança de datas

A previsão inicial dos parlamentares era de que o texto fosse votado na última terça-feira, 4, um dia após a divulgação do relatório. No entanto, começaram a surgir críticas pontuais ao parecer. Na avaliação de líderes partidários, contudo, eventuais dissensos em torno do texto são passíveis de negociação, sem alterar o mérito primordial da proposta de retomar o desempate pró-Fisco.

O adiamento na análise da matéria, segundo fontes ouvidas pela reportagem, passa mais pela falta de vontade da Casa em contribuir com uma pauta de interesse do governo no momento em que enfrentam dificuldades no atendimento aos pleitos das bancadas.

Aprovação

Haddad entrou em campo para negociar a aprovação da matéria. Lideranças da Câmara consideram, inclusive, que o chefe da equipe econômica está muito mais empenhado em garantir a aprovação do PL do Carf do que em destravar a reforma tributária.

A preocupação maior do ministro com o Carf se deve, especialmente, pela capacidade da proposta de incrementar receitas. O esforço da equipe econômica neste momento é justamente para elevar a arrecadação e, dessa forma, garantir o cumprimento da meta de resultado primário estabelecida pelo novo arcabouço fiscal.

Na manhã de ontem, Haddad se reuniu com deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que vinha ensaiando um movimento contrário à retomada do "voto de qualidade". Nos bastidores, no entanto, há um reconhecimento de que a volta do mecanismo não afeta as empresas do agronegócio. As críticas da bancada foram, inclusive, vistas como uma tentativa de barganhar mais recursos às demandas do setor, como o Plano Safra.

Acompanhe tudo sobre:Reforma tributáriaNovo arcabouço fiscalArthur LiraFernando Haddad

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo