O interesse das empresas chinesas pelo leilão do campo de Libra passa pela estratégia de desenvolvimento do gigante asiático. (Feng Li/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2013 às 09h48.
São Paulo - O interesse das empresas chinesas pelo leilão do campo de Libra passa pela estratégia de desenvolvimento do gigante asiático. Das seis prioridades listada pelo governo da China para a atração de Investimento Estrangeiro Direto nesta década, três são relacionadas com energia: novas fontes, veículos elétricos e energias renováveis. As demais são máquinas avançadas, nova geração de tecnologia da informação e biotecnologia.
A estratégia chinesa também se justifica por causa do crescimento acelerado e, consequentemente, pelo aumento da demanda por matéria-prima. Na semana passada, a Energy Information Administration (EIA) informou que a China se tornou a maior importadora de petróleo, superando os Estados Unidos.
"Libra passa pelo projeto chinês de garantir recursos energéticos para a China", afirma Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios. "Numa economia do tamanho da China, que cresce a 7% a 8%, a demanda de energia é muito alta."
Nos últimos anos, a China tem feito diversos movimentos para garantir o abastecimento de energia. O governo se tornou um grande importador de gás da Rússia e se aproximou dos países produtores de petróleo.
A possível chegada das empresas chinesas na economia brasileira não será uma novidade. Um estudo realizado por Frischtak para o Conselho Empresarial Brasil-China revela que 60 projetos das companhias chinesas foram anunciados no Brasil entre 2007 e junho de 2012 - o valor total é de US$ 68,5 bilhões. O recorte detalhado do ano passado mostra que os investimentos chineses no Brasil foram igualmente direcionados entre energia elétrica, eletrônicos, máquinas e equipamentos, e automóveis - cada um com 17% do total. A fatia de petróleo e gás foi de 5%.
Balança
A expressiva ligação entre as economias brasileira e chinesa também se reflete na balança comercial. O gigante asiático é o principal importador do Brasil, sobretudo de produtos básicos - soja e minério de ferro.
Entre janeiro e setembro, o valor exportado do Brasil para a China foi de US$ 35,911 bilhões, o que corresponde a 20,2% do total da pauta. A distância é enorme em relação ao segundo colocado, os EUA. Até setembro, o governo americano teve uma participação de 10,3% nas vendas brasileiras, somando US$ 18,3 bilhões.
"Em termos diretos, a China é mais importante (para o Brasil) do que os EUA", afirma Fabio Silveira, diretor de Pesquisa Econômica da consultoria GO Associados. "Mas obviamente uma desaceleração da economia americana rebate na China, o que pode enfraquecer o Brasil", diz.