Joaquim Levy: para contrapor o resultado negativo fiscal de R$ 17,2 bilhões, o ministro reforçou o compromisso da equipe econômica com o cumprimento da meta fiscal (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de janeiro de 2015 às 06h39.
Brasília - No dia que em que o governo anunciou o maior rombo nas contas públicas da história do País, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, recebeu investidores institucionais estrangeiros que desembarcaram em Brasília para obter, justamente, informações sobre o ajuste fiscal do governo em 2015.
Uma das principais metas do governo é retomar a confiança na economia para atrair novos investimentos. E o ministro intensificou ontem essas conversas com o setor privado.
O grupo estava preocupado, sobretudo, com as negociações políticas no Congresso Nacional para aprovação de medidas adotadas pelo governo que fazem parte da estratégia de recuperação do superávit primário das contas do setor público a partir deste ano.
Entre elas, as novas regras para o acesso dos trabalhadores a benefícios trabalhistas e previdenciários, que vêm desencadeando protestos de centrais sindicais.
Na conversa, que durou cerca de 40 minutos, o ministro procurou mostrar a importância do novo Ministério da presidente Dilma, que conta com políticos experientes e líderes em seus setores de atuação - entre eles Armando Monteiro (Desenvolvimento), Kátia Abreu (Agricultura), Gilberto Kassab (Cidades) e Eduardo Braga (Minas e Energia).
O ministro Levy disse, segundo apurou o Estado, que a "qualidade" desse time terá papel importante nas negociações que vão começar na semana que vem, com o retorno dos trabalhos legislativos.
A reunião não estava na agenda do ministro. Inicialmente, a conversa era com o secretário executivo, Tarcísio Godoy. Mas Levy resolveu participar também do encontro com os investidores.
Para contrapor o resultado negativo fiscal de R$ 17,2 bilhões nas contas do governo central, o ministro também reforçou o compromisso da equipe econômica e de todo o governo com o cumprimento da meta fiscal deste ano, de R$ 66,3 bilhões, o equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB).
A criação ontem de um grupo de trabalho para aumentar o controle a eficiência dos gastos públicos é o trunfo que o governo conta para garantir os resultados prometidos.
Preocupados com a situação da Petrobrás, os investidores também questionaram muito o ministro Levy sobre a situação do balanço da empresa, que não incluiu as perdas envolvendo a corrupção apurada pela Operação Lava Jato.
Boa parte das perguntas era sobre a petrolífera e o impacto na economia. Em resposta, o ministro não falou diretamente sobre o balanço. Diferentemente do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, Levy não integra o conselho de administração da empresa.
Ele insistiu, porém, na avaliação de que a Petrobrás tem ativos e competência para superar esse momento delicado. Os investidores avaliam que há demanda para a compra de ativos no Brasil, inclusive participação nos empreendimentos, mas permanece grande insegurança em relação ao desdobramentos da Lava Jato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.