Ministro Joaquim Levy: "Os países que não fizeram um grande esforço ainda estão com dificuldades de crescer. A Espanha fez isso e está criando emprego, tendo seu dinamismo" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 31 de março de 2015 às 14h47.
Brasília, 31 mar (EFE).- O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fez um apelo nesta terça-feira ao Senado para que aprove com rapidez as medidas do pacote de ajuste fiscal propostas pelo governo, com o objetivo de recuperar economia da recente crise vivida pelo país.
Durante audiência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Levy expôs argumentos para mostrar que o Brasil tem que ajustar suas contas públicas com "firmeza e rapidez" para prevenir danos maiores à economia e "evitar uma punição do mercado".
Segundo o ministro, o país tem "risco de perder o grau de investimento" nas avaliações que são feitas pelas agências de risco, o que acarretaria "um custo altíssimo" para a economia. O rebaixamento da nota geraria desemprego e criaria mais dificuldades de financiamento para as empresas.
"Os países que não fizeram um grande esforço ainda estão com dificuldades de crescer. A Espanha fez isso e está criando emprego, tendo seu dinamismo", disse Levy.
A estratégia para reduzir a dívida pública, segundo Levy, contempla conter ao máximo os gastos do governo, eliminando também os incentivos tributários e os subsídios concedidos a vários setores nos últimos anos.
"Frente à mudança do cenário internacional, não temos que fazer um ajuste fiscal, temos que fazer uma recalibragem econômica", explicou o ministro, que também defendeu tomar medidas para elevar o nível de poupança, impulsionar melhorias na produtividade e competitividade do setor industrial.
Em paralelo, afirmou que o governo tentará "destravar" os investimentos e está impulsionando um programa de concessões de infraestruturas, como portos, aeroportos e estradas para o setor privado.
O objetivo das medidas de ajuste, segundo o ministro, é "preservar os avanços sociais" da última década, manter os empregos e os programas de distribuição de renda.
O déficit fiscal primário, sem levar em consideração o pagamento dos juros da dívida, cresceu para 0,69% do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, segundo informou hoje o Banco Central (BC). O buraco nas contas públicas chega a 7,34% do PIB os juros forem levados em conta.
Segundo o BC, a dívida pública está em 36,3% do PIB em fevereiro, uma taxa "relativamente alta" em comparação com os demais países exportadores de matérias-primas, destacou Levy.