"Nós temos de ser claros sobre os esforços e os cortes de gastos que estamos fazendo. As pessoas estão preocupadas", disse Joaquim Levy (REUTERS/Guadalupe Pardo)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2015 às 20h31.
São Paulo - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse, em entrevista veiculada nesta noite de quarta-feira, 28, na CNN, que não planeja deixar o governo, em resposta a uma das perguntas do jornalista Richard Quest.
"Nunca é ruim trabalhar pelo seu país, especialmente quando há um objetivo claro", afirmou.
Levy disse em seguida que, neste momento, o mais importante é realizar as políticas de ajuste fiscal e explicá-las de forma clara para os cidadãos brasileiros.
"Nós temos de ser claros sobre os esforços e os cortes de gastos que estamos fazendo. As pessoas estão preocupadas", declarou.
O ministro lembrou que o boom das commodities já acabou e que o Brasil tem enfrentado esse novo cenário, acrescentando que é preciso fazer algo agora, para chegar onde o País quer estar em alguns anos.
Ele tentou minimizar a situação brasileira ao dizer que a economia global está enfraquecida há vários anos e que, agora, o Brasil enfrenta dificuldades.
Apesar de reconhecer que o cenário é desafiador, Levy mostrou confiança na recuperação da economia brasileira, dizendo que se sente "confortável" com essa perspectiva.
"Muitas pessoas no Brasil estão esperando decisões relacionadas ao ajuste e muitas pessoas no Brasil querem o crescimento", disse o ministro, acrescentando que o governo sabe o que precisa fazer para voltar a crescer, que é, entre outras coisas, ter um Orçamento robusto e continuar com o ajuste.
Além disso, o ministro afirmou que o Executivo trabalha para conseguir o apoio do Legislativo para aprovar o Orçamento do próximo ano e outras reformas estruturais importantes, como a da Previdência.
"Nós mandamos as medidas e agora cabe ao Congresso apreciar as ações do ajuste. É hora de tomar decisões", disse Levy.
Em relação à possibilidade de o Federal Reserve subir os juros em seu próximo encontro, que ocorre em dezembro, Levy disse que espera que isso vá acontecer em algum momento, já que "não é natural ter taxas de juros perto de zero por tanto tempo".
As taxas de juros do Fed, o banco central norte-americano, estão próximas de zero desde o fim de 2008 e não são elevadas desde 2006.
Antes da entrevista, o jornalista Richard Quest apresentou um breve resumo das principais notícias relacionadas ao Brasil nas últimas semanas, como a perda do grau de investimento pela Standard & Poor's, os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras e a volatilidade do mercado financeiro.