Joaquim Levy: "como disse Roubini, quem não quer ajuste (fiscal) é suicida, ou quer jogar bomba para outro", comentou (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de março de 2015 às 15h02.
São Paulo - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu o programa do governo de melhoria da gestão das contas públicas e parafraseou o economista Nouriel Roubini para defender as mudanças propostas pelo Planalto.
"Como disse Roubini, quem não quer ajuste (fiscal) é suicida, ou quer jogar bomba para outro", comentou o ministro durante palestra na Associação Comercial de São Paulo, na manhã desta segunda-feira, 16.
O comentário faz referência a uma entrevista que Roubini deu à Folha de S.Paulo, em que disse que "se a presidente não for irracional ou suicida politicamente, e não acho que ela seja, o ajuste será feito."
O ministro ressaltou que "se a gente tiver coragem, esse negócio não será difícil". Uma referência ao ajuste defendido pelo governo Dilma neste momento.
Disse que o governo trabalha para evitar cenários econômicos que justifiquem as agências de rating rebaixarem a classificação de risco do Brasil.
"Estamos trabalhando para evitar cenários de downgrade e inflação alta". Por isso, diz, "a realidade exige ação rápida, criar estabilidade para a gente voltar a crescer".
Levy diz que o governo teve de mudar o "jogo" fiscal porque o Brasil não vinha crescendo há dois anos. "O ajuste fiscal existe por causa do crescimento e não o contrário", afirmou.
Ainda segundo ele, a agenda do desenvolvimento será de simplificação, de maior transparência.
"A agenda não terá programa para cada setor, senão criamos uma situação cada vez mais complexa. Nossa agenda é de realismo de preço para as pessoas terem confiança. A agenda tem grande disciplina fiscal para que os preços caiam", reforçou.
Por fim, colocou as contas públicas em primeiro plano no quesito de itens necessários para se ter confiança no País.
Setor privado
Joaquim Levy lembrou ser importante que as condições da economia sejam oportunas para que o setor privado possa atuar, investir e empregar, especialmente com confiança sobre a perspectiva do País.
"Capitalismo de Estado não dá muito certo para uma democracia", disse Levy. Ele ressaltou que boa parte do financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberado nos últimos anos foi feito via emissão de títulos públicos, como as NTN-Bs.
Confrontado por um empresário, segundo o qual a alta rotatividade do emprego se dá pelo fácil acesso ao FGTS, Levy disse que não sabe se o FGTS é a real fonte de problemas causadora da rotatividade do emprego.
Afirmou que os ajustes empreendidos pelo governo não tratam de retirar direitos e que medidas como a do seguro-desemprego são universais.
Disse que dá para fazer o ajuste fiscal sem tomar longos períodos. "Acertando no começo (o ajuste fiscal), começa logo a evoluir", concluiu.