Aeroporto de Confins: o leilão dos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e Confins, em Minas Gerais, é parte da iniciativa de privatização de Dilma, de US$ 92 bilhões (Arquivo)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2013 às 13h47.
Brasília - Um leilão de aeroportos de US$ 2,6 bilhões, nesta semana, testará a capacidade do Brasil para atrair grandes operadores e reformar a infraestrutura antes da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas 2016, depois que o fracasso em uma primeira venda atraiu críticas.
A presidente Dilma Rousseff busca a experiência e a inovação das maiores gestoras de aeroportos do mundo na licitação de 22 de novembro. Em 2012, empresas do Brasil, da Argentina e da África do Sul conquistaram o direito de gerenciar três aeroportos.
Agora, entre os potenciais pretendentes para as novas concessões estão a Ferrovial SA, da Espanha, que administra o aeroporto Heathrow, de Londres, e a Fraport AG, que dirige o hub de Frankfurt.
“Quando vieram os resultados do primeiro leilão, o governo ficou preocupado por causa da falta de experiência das empresas que venceram”, disse Victor Mizusaki, analista da UBS AG em São Paulo, em entrevista por telefone. “Para esta rodada, deram preferência a uma maior experiência”.
O leilão dos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e Confins, em Minas Gerais, é parte da iniciativa de privatização de Dilma, de US$ 92 bilhões, para melhorar a infraestrutura de portos, ferrovias e rodovias. Doze cidades brasileiras receberão jogos da Copa do Mundo no ano que vem e o Rio de Janeiro será também sede dos Jogos Olímpicos em 2016.
“Para o grande desafio de renovar e modernizar a infraestrutura no país existe a nova possibilidade de que com operadores internacionais -- operadores com grande experiência -- nós possamos incentivar uma mudança de cultura em nossos aeroportos”, disse o secretário de Aviação Civil, Moreira Franco, em entrevista por telefone.
Copa do Mundo
A venda de licenças para três aeroportos no ano passado rendeu R$ 24,5 bilhões (US$ 10,8 bilhões). Um grupo que incluía fundos de pensão pertencentes a funcionários de empresas estatais e a Airports Co. South Africa, que administra hubs em Mumbai e Joanesburgo, conquistou os direitos para o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Um consórcio que incluía a construtora Engevix Engenharia SA ganhou o controle de um aeroporto em Brasília.
A abertura de um novo terminal em Guarulhos deverá ocorrer até maio, conforme o prazo, e o hub se beneficiará da experiência da Airports Co. South Africa na Copa do Mundo 2010, realizada na África do Sul, disse Fernando Sellos, diretor comercial do aeroporto, em entrevista na semana passada.
Um representante da Engevix, com sede em São Paulo, disse que a construção está no prazo e será terminada antes da Copa do Mundo.
‘Lugar atraente’
A Fraport, operadora do aeroporto de Frankfurt, “fará de tudo” para vencer o leilão, disse o CEO Stefan Schulte em entrevista neste mês. Frankfurt, o principal hub da Deutsche Lufthansa AG, é o terceiro da Europa em número de passageiros por ano, atrás do Heathrow e do Aeroporto Charles de Gaulle de Paris, segundo relatórios de tráfego dos aeroportos.
“O Brasil é um lugar muito atraente para a aviação”, disse Schulte. Os aeroportos do Galeão e de Confins oferecem “uma boa oportunidade de ter processos ainda melhores, renda adicional e receitas para crescer em tráfego de rede”.
Os vencedores do leilão trabalharão com a empresa estatal de gestão de aeroportos do Brasil, a Infraero, que manterá uma participação de 49 por cento no empreendimento.
Além da oferta mínima de R$ 4,83 bilhões (US$ 1,89 bilhão) pelo Galeão e de R$ 1,01 bilhão por Confins, o vencedor também terá que destinar 5 por cento da receita anual para um fundo de apoio aos outros aeroportos do país.
O governo teve problemas para atrair investidores para licenças de rodovias neste ano e teve que melhorar a taxa garantida de retorno para 7,2 por cento após uma oferta de 5,5 por cento não ter atraído interesse.
“O governo brasileiro está vivendo em uma situação de desorientação”, disse Adriano Pires, chefe do Centro Brasileiro de Infraestrutura, no Rio de Janeiro, por telefone. “O investidor percebe a indecisão do governo e o governo quer a mudança, mas não sabe como. Esse tipo de divergência dentro do governo, essa vacilação, provoca uma incerteza regulatória que acaba prejudicando os leilões”.
Um representante da assessoria de imprensa do governo preferiu não comentar.