Economia

Lava Jato já desempregou 10 mil pessoas na indústria naval

Com a paralisação da Petrobras por causa das investigações, as dificuldade de cumprir o pagamento de seus contratos segue aumentando

Para Ariovaldo Rocha, 30 mil demissões atingem 200 mil pessoas de forma indireta (Agência Brasil/ Antonio Cruz)

Para Ariovaldo Rocha, 30 mil demissões atingem 200 mil pessoas de forma indireta (Agência Brasil/ Antonio Cruz)

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2015 às 16h37.

Rio de Janeiro - A Operação Lava Jato, que investiga irregularidades na Petrobras, já desempregou 10 mil pessoas ocupadas pela indústria naval e pode gerar outros 30 mil desempregos nos próximos três meses, segundo estimativas do presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha.

Durante audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir os impactos das investigações na atividade econômica nacional, Ariovaldo informou hoje (22) que, indiretamente, 30 mil pessoas equivalem "tranquillamente a mais de 200 mil pessoas".

Rocha lembrou que a crise da estatal, intensificada no segundo semestre do ano passado, gerou uma queda de emprego de 4% entre novembro de 2014 até fevereiro deste ano, passando de 82,4 mil para 79,1 mil. “Este número já caiu em abril e chegou a 72,9 mil”, acrescentou.

O sindicalista explicou que o problema começou quando a empresa Sete Brasil suspendeu o recurso para a construção de 28 sondas para Petrobras.

“A Sete Brasil tem contrato para construção de sondas com a Petrobras e nós temos com a Sete. No nosso contrato, a empresa está sem honrar pagamentos desde novembro. Está insuportável”, disse, ao revelar que o volume de recursos atrasados somam de US$ 1 a US$1,5 bilhão.

Governadores e representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical foram convidados para o debate, de modo que relatassem a situação em seus estados e setores de atuação. Entretanto, apenas o prefeito do município de São Jerônimo (RS), Marcelo Luiz Schreinert, compôs a mesa ao lado de Rocha.

Para Schreinert, a cidade gaúcha foi afetada pela rescisão do contrato da Petrobras com a Iesa Óleo e Gás, responsável por obras de exploração de petróleo.

Segundo ele, antes mesmo do início das investigações, a empresa enfrentava dificuldades por causa de mudanças no projeto pela estatal. O prefeito explicou que, com a rescisão do contrato, mil trabalhadores foram demitidos.

“O principal impacto em cidades pequenas, como o nosso caso, é na economia local. São atingidos restaurantes, hotéis e a empresa de onibus. Sobra tudo para os prefeitos, que têm de fazer a parte social e garantir condições para que as pessoas possam retornar [às suas atividades] ou sobreviverem nos municípios”, destacou.

Ao descrever o contrato de obras em São Jerônimo, o prefeito disse que o total de recursos chega a US$ 900 milhões, gerando 4 mil empregos diretos e 8 mil indiretos.

“Com a paralisia da Petrobras, ninguém assina cheque. Há uma inércia muito grande e essa é incidência direta da Lava Jato. Ninguém decide nada. Por isso, os empreendimentos estão em stand by ,sem receber o que lhes é devido”, concluiu.

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