christine-lagarde (Andreas Gebert/Reuters)
Reuters
Publicado em 2 de abril de 2019 às 11h33.
Washington - A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, afirmou nesta terça-feira que o crescimento global perdeu força em meio às tensões comerciais e condições financeiras mais apertadas, mas pausas nas altas dos juros ajudarão a impulsionar a atividade no segundo semestre de 2019.
Lagarde, em uma prévia das reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial em 12 a 14 de abril, disse que a economia global está "instável" após dois anos de crescimento estável, com a perspectiva "precária" e vulnerável ao comércio, Brexit e choques dos mercados financeiros.
"Em janeiro, o FMI projetou crescimento global para 2019 e 2020 em torno de 3,5 por cento, menos do que no passado recente, mas ainda razoável", disse Lagarde em declarações preparadas para apresentação na Câmara do Comércio dos EUA. "Desde então ele perdeu mais força, como vocês verão em nossas estimativas atualizadas na próxima semana."
Ela disse que o FMI não prevê uma recessão no curto prazo, e que o "ritmo mais paciente de normalização da política monetária" do Federal Reserve fornecerá algum impulso para o crescimento no segundo semestre de 2019 e em 2020.
Lagarde alertou, entretanto, que anos de dívida pública alta e taxas de juros baixas desde a crise financeira há uma década deixaram espaço limitado em muitos países para agirem quando a próxima contração chegar, portanto os país precisam fazer uso mais inteligente da política fiscal.
Isso significa atingir um equilíbrio melhor entre crescimento, sustentabilidade da dívida e objetivos sociais, além de agir para lidar com a crescente desigualdade através da construção de redes de segurança social mais fortes.
Ela previu nova pesquisa do FMI mostrando que o aumento das barreiras comerciais estão prejudicando o investimento em fábricas, maquinário e projetos de criação de empregos.
Lagarde também disse que o FMI revisou sua análise dos impactos da guerra comercial entre EUA e China, mostrando que se todo o comércio entre as duas maiores economias do mundo estiver sujeito a tarifas de 25 por cento, o Produto Interno Bruto dos EUA cairá até 0,6 por cento, enquanto o da China recuará até 1,5 por cento.