Economia

Lagarde defende prazo adicional de dois anos para a Grécia

Em uma cúpula realizada em meados de setembro, a União Europeia havia dado a entender que estava disposta a conceder mais tempo à Grécia

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2012 às 12h44.

Tóquio - A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, considerou nesta quinta-feira ser "necessário" conceder um prazo adicional de dois anos para a Grécia sair do atoleiro, depois de constatar que a austeridade com todo rigor age contra a recuperação dos países em crise.

"É necessário dar à Grécia um prazo adicional de dois anos para que este país seja capaz de concluir o programa de ajuste de suas finanças públicas", cuja meta é limitar o déficit a 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, contra os 7,3% previstos neste ano, disse Lagarde nesta quinta-feira em Tóquio.

"Em vez de uma redução frontal e massiva (...), às vezes é preferível dispor de um pouco mais de tempo", disse Lagarde em uma coletiva de imprensa em Tóquio, onde participa da Assembleia Anual do FMI e do Banco Mundial.

"É o que defendemos para Portugal (outro país sob assistência financeira), também o fizemos para a Espanha e agora para a Grécia", destacou Lagarde.

Em uma cúpula realizada em meados de setembro, a União Europeia havia dado a entender que estava disposta a conceder mais tempo à Grécia, atualmente em negociações com seus credores do FMI, do Banco Central Europeu (BCE) e da UE para obter uma nova ajuda, de 31,5 bilhões de euros.

O desemprego já afeta mais de 25% da população economicamente ativa grega, informou de Atenas a Autoridade de Estatísticas do país.

Ao mesmo tempo, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou publicamente que está disposto a comprar dívida pública por um prazo ilimitado aos países que peçam ajuda.


Em Tóquio, os ministros das Finanças do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) saudaram em uma reunião à margem da assembleia do Fundo este tipo de medidas.

Os países europeus estão "tomando medidas na direção certa, os instrumentos que estão sendo construídos são adequados", explicou o ministro brasileiro, Guido Mantega, que atuou como porta-voz do grupo.

Conscientes de seu papel como autêntico motor econômico do planeta, os ministros dos BRICS mostraram, por sua vez, preocupação pela decisão de imprimir dólares de forma massiva por parte do Federal Reserve americano.

"É evidente que se você pratica expansão monetária durante 10 anos em algum momento vai dar resultados, mas os efeitos colaterais talvez sejam piores que os resultados diretos", disse Mantega.

"Acredito que todos compartilhamos este ponto de vista. (A expansão monetária) não é uma panaceia", reconheceu o governador do Banco Central japonês, Masaaki Shirakawa.

Os países mais avançados do planeta, o G7, também se reuniram à margem da assembleia do Fundo.

Já o grupo que reúne os países ricos com os emergentes, o G20, não se reuniu em Tóquio, já que o país que o preside neste ano, o México, convocou a reunião ministerial para novembro.

Todas estas reuniões em Tóquio ficaram, no entanto, um pouco ofuscadas pela ausência do governador do Banco Central chinês e do ministro das Finanças deste país.

Oficialmente, os dois não puderam se apresentar por problemas de agenda, mas o conflito entre China e Japão por pequenas ilhas no Mar da China Oriental aparecia como a causa mais evidente.

"Eles perdem ao não participar desta reunião", declarou Lagarde, em referência ao governador Zhu Xiaochuan e ao ministro Xie Xuren.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaCrise gregaEuropaFMIGréciaPiigs

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto