Cristina Kirchner: a Argentina se encontra em moratória parcial desde 30 de julho (Mike Segar/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2014 às 18h40.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, discursou nesta quarta-feira na Assembleia Geral da ONU contra os fundos especulativos que Buenos Aires chama de "abutres" e garantiu que seu país pagará a dívida, apesar do "assédio" que vem sofrendo.
"A Argentina é um país que tem vontade e capacidade de pagar. E pagará sua dívida, apesar do assédio dos fundos abutres", disse a chefe de Estado.
Por causa da decisão de um tribunal americano, o governo argentino não pode honrar compromissos com os credores de títulos. Com isso, o país se encontra em moratória parcial desde 30 de julho.
Em um discurso na 69ª Assembleia da ONU, Kirchner disse que a situação chegou a esse ponto porque os chamados fundos "abutres" contaram com a "cumplicidade do sistema judiciário dos Estados Unidos".
Os fundos especulativos ganharam uma ação judicial em uma corte de Nova York para cobrar 100% do valor nominal dos títulos da dívida argentina, por 1,33 bilhão de dólares.
A Argentina não cumpriu a determinação judicial, pois, por contrato, teria de igualar a oferta para todos os 93% dos credores que aderiram à reestruturação com pagamentos de 70% de reembolso sobre o capital inicial.
Essa situação significaria um montante impagável para o país sul-americano.
As negociações com os fundos especulativos para alcançar uma solução fracassaram, e o juiz do caso, Thomas Griesa, bloqueou os pagamentos enviados pela Argentina para credores da dívida reestruturada.
Desde 2003, afirmou Kirchner, "a Argentina pagou 190 bilhões de dólares a seus credores, colocou fim aos contenciosos com o Banco Mundial, quitou suas dívidas com o Fundo Monetário Internacional e renegociou-as com o clube de Paris".
A presidente argentina ressaltou ainda que o país conseguiu pagar todas essas dívidas sem ter acesso aos mercados de crédito desde a moratória declarada em 2001.
Kirchner saudou a recomendação da ONU, sugerida pela Argentina e pelo G77+China, para redigir um documento legal que regule as reestruturações da dívida soberana. "Nos devíamos essa tarefa", disse.