Cristina Kirchner: o Executivo argentino impôs as primeiras restrições cambiais para desdolarizar a economia e evitar a fuga de divisas em novembro de 2011 (Mehdi Taamallah/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2012 às 12h23.
Buenos Aires - A Justiça argentina está investigando a presidente Cristina Kirchner e outros funcionários do governo pelas restrições impostas à compra de dólares e a autorização do uso de reservas do Banco Central para pagar dívida externa, confirmaram nesta terça-feira à Agência Efe fontes ligadas ao processo.
O promotor Carlos Stornelli acusou Cristina, a presidente do Banco Central, Mercedes Marcó del Pont, o secretário de Comércio, Guillermo Moreno, e o diretor do Fisco, Ricardo Echegaray, por causa de uma denúncia apresentada pela líder da opositora Coalizão Cívica, a deputada Elisa Carrió.
"Stornelli considerou que a denúncia era suficientemente sólida para abrir uma investigação", afirmaram à Efe fontes do partido político.
O Ministério Público investiga se as resoluções que permitiram o uso de reservas do Banco Central para o pagamento de dívida externa foram prejudiciais para a cotação do peso argentino.
Para isso, o promotor pediu uma perícia sobre as transferências do Banco Central ao Governo e sobre o nível das reservas. O Senado da Argentina aprovou em março uma lei que permite o Tesouro dispor de mais recursos para se financiar e eliminou a obrigação que o Banco Central tinha de manter reservas necessárias para respaldar a totalidade do dinheiro em circulação.
Desde 2010 a Argentina utiliza "reservas excedentes" do Banco Central para cancelar compromissos de dívida com entes creditícios por causa das dificuldades do país para conseguir financiamento de organismos internacionais.
A deputada também pediu em sua apresentação que se investigue a aplicação de restrições à compra de dólares, o que limitou "de maneira arbitrária, irracional e ilegal o acesso ao mercado cambial".
O Executivo argentino impôs as primeiras restrições cambiais para desdolarizar a economia e evitar a fuga de divisas em novembro de 2011, e as endureceu no mês passado.
As medidas estimularam o mercado negro e o aumento do preço do dólar paralelo, que atualmente supera os seis pesos, enquanto o oficial está em 4,64 pesos.