Economia

Juros na Inglaterra devem ficar entre 2% e 3%, diz BOE

O aumento, no entanto, deve ser gradual, e a taxa não deve retornar aos níveis anteriores da crise. Em 2007, a taxa básica variou entre 3,5% e 7,5%


	Londres: Comitê de Política Monetária do banco central inglês se prepara para aumentar a taxa básica de juros
 (Pilgab/Wikimedia Commons)

Londres: Comitê de Política Monetária do banco central inglês se prepara para aumentar a taxa básica de juros (Pilgab/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2014 às 11h12.

Londres - Os britânicos não devem esperar que os custos de financiamento subam para os níveis que prevaleceram antes da crise financeira global e, em vez disso, devem se habituar ao "novo (nível) normal" da taxa básica de juros da Inglaterra, entre 2% e 3%, afirmou o novo economista-chefe do Banco da Inglaterra (BOE, na sigla em inglês), Andrew Haldane.

Com a economia do Reino Unido crescendo fortemente, o Comitê de Política Monetária do banco central inglês se prepara para aumentar a taxa básica de juros, hoje na mínima histórica de 0,5%. A ata da reunião de junho divulgada na última quarta-feira sinaliza que os juros podem subir ainda em 2014. O aumento, no entanto, deve ser gradual, e a taxa não deve retornar aos níveis anteriores da crise. Em 2007, a taxa básica variou entre 3,5% e 7,5%.

"O novo (nível) normal dos juros não será como no passado", disse Haldane, em entrevista ao jornal Yorkshire Post. "Provavelmente ficará mais perto de uma faixa entre 2% e 3%", completou.

Desde que o BOE adotou uma política de diretrizes futuras (forward guidance) em agosto do ano passado, membros do Comitê de Política Monetária tentam tranquilizar empresas e famílias de que os sinais de uma recuperação econômica não significarão um retorno rápido para juros significativamente mais elevados. O temor é de que tais expectativas inibam consumo e investimentos, sufocando o crescimento econômico do país.

"Eu entendo o sentimento de ansiedade em torno disso, com a taxa de juros em perspectiva de ascensão, mas isso só vai acontecer quando estivermos realmente confiantes de que a economia pode sustentar o aumento", afirmou Haldane. "Neste momento, não há sinais de fortes pressões inflacionárias, não há quaisquer sinais de pressões salariais fortes, e é por isso que estamos com pressa e quando eventualmente a taxa subir podemos nos dar ao luxo de ser de forma gradual".

Na última quarta-feira, em seu discurso de estreia como economista-chefe do BOE, Haldane expressou preocupação com o impacto do aumento nos custos dos empréstimos para as famílias após um período tão longo com uma taxa mínima. Na entrevista publicada neste sábado, ele disse que o banco central nunca enfrentou desafio semelhante. "Nunca estivemos (nesse patamar de juros) em 320 anos de história do Banco da Inglaterra", afirmou.

Haldane declarou ainda que um aumento da taxa de juros seria um sinal de que a economia do Reino Unido está em recuperação, depois de ter sofrido uma contração mais profunda do que a maioria das economias desenvolvidas e, em seguida, um longo período de estagnação. Segundo economistas ingleses, apenas agora a economia do país voltou ao seu tamanho pré-crise. "O retorno da taxa de juros à normalidade deve ser algo para aplaudir e dar conforto, porque é reflexo direto da recuperação da economia", concluiu. Fonte: Dow Jones Newswires.

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