Mercado: a S&P rebaixou ontem o rating soberano do Brasil de BBB- para BB+, mantendo a perspectiva negativa da nota, tirando do País o selo de bom pagador e colocando-o na categoria de grau especulativo (thinkstock)
Da Redação
Publicado em 10 de setembro de 2015 às 17h46.
São Paulo - A retirada do grau de investimento do Brasil promovida pela agência de classificação de risco Standard & Poor's na quarta-feira, 9, teve forte impacto no mercado de juros nesta quinta-feira, 10.
As taxas subiram significativamente, acompanhando a alta do dólar e as incertezas quanto à questão fiscal, a crise política e a política monetária para os próximos meses.
A S&P rebaixou ontem o rating soberano do Brasil de BBB- para BB+, mantendo a perspectiva negativa da nota, tirando do País o selo de bom pagador e colocando-o na categoria de grau especulativo.
Para a decisão, pesaram principalmente as dificuldades do governo na condução do ajuste fiscal, que ficaram mais explícitas após o anúncio da previsão de déficit de R$ 30,5 bilhões no Orçamento de 2016.
Em 2008, a S&P foi a primeira das três principais agências de classificação de risco a elevar o Brasil à categoria grau de investimento.
Atualmente, as duas outras agências, Moody's e Fitch, ainda mantêm o Brasil como grau de investimento. A Moody's não se manifestou sobre o assunto, mas a diretora de ratings soberanos para a América Latina da Fitch, Shelly Shetty, disse que o rating soberano do Brasil está "sob pressão" desde abril, sendo que alguns riscos no País têm piorado.
As declarações de Shelly Shetty reforçaram expectativas de que a agência poderá promover alguma mudança no rating brasileiro, o que levou as taxas de juros futuras a acelerarem levemente a trajetória de alta com que já vinham operando desde cedo.
Vale lembrar que, pelos critérios da Fitch, o Brasil ainda está dois degraus acima do grau especulativo.
As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) negociadas na BM&FBovespa voltaram a acelerar a alta diante de um discurso sem novidades do ministro Joaquim Levy, em entrevista coletiva no período da tarde.
O contrato com vencimento em janeiro de 2016 fechou com taxa de 14,50%, contra 14,38% do ajuste de quarta-feira. O DI de janeiro de 2017 teve a taxa elevada de 14,90% para 15,28% e o de janeiro de 2021 elevou a taxa de 14,74% para 15,15%.