Economia

Job Economia reduz projeção de açúcar após tempo seco

Produção do centro-sul do Brasil foi estimada em 32,3 milhões de toneladas


	Cana de açúcar é descarregada em uma usina de processamento da Unica, em São José do Rio Preto
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Cana de açúcar é descarregada em uma usina de processamento da Unica, em São José do Rio Preto (Paulo Fridman/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2014 às 17h09.

São Paulo - A produção de açúcar do centro-sul do Brasil na temporada 2014/15 foi estimada em 32,3 milhões de toneladas, queda de 1 milhão de tonelada ante projeção de abril, por conta de tempo mais seco que o previsto entre abril e agosto, avaliou nesta quinta-feira a consultoria especializada Job Economia.

A previsão atual representa uma queda de quase 6 por cento na comparação com a produção na temporada 2013/14, de 34,3 milhões de toneladas.

"Choveu pouco. E em função disso revisamos a safra", afirmou à Reuters o diretor da Job, Julio Maria Borges, justificando a sua primeira revisão de projeção na temporada.

A produção de etanol também foi reduzida para 24,15 bilhões de litros na temporada, ante 24,65 bilhões em abril e 25,5 bilhões na safra passada, informou Borges.

A moagem de cana na safra 14/15 no centro-sul, principal região produtora do maior produtor e exportador global de açúcar, foi reduzida pela Job para 552 milhões de toneladas, contra 565 milhões na previsão de abril e ante um recorde de 597 milhões de toneladas na temporada passada (13/14).

A Job prevê uma moagem superior à estimada pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), que projetou ao final de agosto um processamento de 545,9 milhões de toneladas da matéria-prima.

O total projetado para a produção de açúcar pela Job, no entanto, está acima da estimativa da associação da indústria, de 31,36 milhões de toneladas, enquanto a previsão de produção de etanol está em linha com a da associação da indústria.

A estimativa da Job para a produção de etanol anidro (misturado à gasolina), de 11,15 bilhões de litros, ficou estável ante a projeção de abril e levemente acima da produção da temporada passada (11,05 bilhões de litros).

"O anidro é o produto que melhor remunera a usina, possivelmente não vai se mexer nessa produção. Vai se fazer o mínimo possível de açúcar", disse Borges, comentando o preço do adoçante, que está nos menores níveis em quatro anos na bolsa de Nova York.

Segundo o consultor, apesar de uma situação de abastecimento de etanol no centro-sul "pior" do que a safra passada, ainda não é possível dizer se serão realizadas importações em volumes relevantes.

"Dependendo do aumento dos preços na entressafra, podemos ver volume expressivo de importações para o centro-sul. Contudo, temos de aguardar", disse ele, prevendo preços na entressafra de 1,5 real por litro (posto na destilaria), o que não justificaria importações dos EUA volumosas aos preços atuais.

Próxima Safra

Para o consultor, a próxima safra de cana do centro-sul, região que responde por cerca de 90 por cento da produção nacional, poderá superar a colheita atual, que sofreu com um clima extremamente seco nas principais áreas produtoras durante o verão e depois registrou um inverno menos chuvoso do que o esperado.

A safra 2015/16 poderia ser maior que a atual, dentro de condições climáticas normais, mas a moagem ficaria abaixo das 610-620 milhões de toneladas que poderiam ter sido obtidas este ano (14/15) se a seca não tivesse atingido as lavouras.

Borges previu uma pequena expansão de área, "possivelmente inexistente" para a temporada 2015/16, com renovação dos canaviais abaixo do normal e "soqueiras" prejudicadas pela seca, além de tratos culturais ruins.

"Mesmo que chova normalmente, vamos encarar uma safra prejudicada", afirmou.

O consultor não forneceu previsões de produção para 15/16.

Texto atualizado com mais informações às 17h08min do mesmo dia.

Acompanhe tudo sobre:acucarAgronegócioBiocombustíveisCana de açúcarCombustíveisCommoditiesEnergiaEtanolSecasTrigo

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto