Pedestres atravessam a rua no distrito comercial de Ginza, em Tóquio, no Japão (Toru Hanai/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2013 às 11h52.
Tóquio - Quem espera uma ampla reforma na economia japonesa para estimular a competitividade provavelmente ficará frustrado com o as medidas a serem anunciadas no mês que vem pelo premiê Shinzo Abe, mas quem tem expectativas modestas deve ficar satisfeito.
Abe prometeu fazer de uma reforma estrutural e de uma desregulamentação os pontos-chave da estratégia de estimular o crescimento, chamada de "Terceira Flecha".
Os estímulos monetários e fiscais contribuíram para um robusto crescimento da economia japonesa no primeiro trimestre, mas os investimentos corporativos ainda não deslancharam.
"A 'Terceira Flecha' nunca teve como objetivo ser a bala mágica porque desregulamentação significa alterar comportamentos e passar de direitos adquiridos para investimentos de novos participantes", disse o diretor de pesquisa de títulos japoneses do JP Morgan, Jesper Koll.
"Mas eles estão avançando na estratégia de crescimento. A coisa radical está descartada e nunca vai aparecer porque você está em um país obcecado em criar um capitalismo de estilo japonês, em vez de um capitalismo no estilo anglo-americano, fundamentalista do mercado. Ainda é o Japão." Alguns novos detalhes da estratégia poderão ser divulgados na sexta-feira, num discurso de Abe a empresários e acadêmicos. Ele divulgou alguns planos no mês passado, incluindo medidas para estimular a contratação de mulheres.
Propostas de uma comissão que discute competitividade industrial, e de outra sobre a reforma regulatória, devem compor a maior parte da estratégia de crescimento. Abe, que tomou posse em dezembro, diz que esperar anunciar as novas políticas antes da reunião do Grupo dos 8 nos dias 17 e 18 de junho, na Irlanda do Norte.
Entre as propostas consideradas positivas há planos para desregulamentar o setor energético, acabando com o domínio simultâneo das empresas do setor sobre a geração, transmissão e distribuição de eletricidade; a criação de um Instituto Nacional de Saúde, nos moldes do norte-americano, para consolidar e priorizar investimentos em ciência médica; e a decisão, já anunciada em março por Abe, de iniciar a negociação de um acordo de livre comércio com os EUA.
Mas quem espera mudanças abrangentes deve se frustrar com a decisão de evitar medidas politicamente dolorosas, pelo menos até a eleição de julho para o Senado, quando o partido de Abe, o PLD, precisará ter uma vitória expressiva para garantir a fácil aprovação de suas políticas.
"Eles não estão tocando em pontos vitais, como atendimento médico e agricultura", disse Junji Annen, professor universitário que participa da comissão de desregulamentação. "A reforma do setor elétrico está saindo melhor do que o esperado, mas esse é um sinal dos tempos", disse ele, observando que a influência das empresas do setor diminuiu muito depois do acidente nuclear de Fukushima, em 2011.
O pacote deve conter a meta de duplicar as minúsculas exportações agrícolas japonesas, elevando-as a 1 trilhão de ienes (9,76 bilhões de dólares), uma meta que Abe poderá mencionar no seu discurso da sexta-feira.