Economia

Itaú revisa previsão do PIB brasileiro em 2016 para -4,0%

Apesar de piorar a revisão para 2016, o banco aponta no relatório que melhorou sua projeção para 2017, agora com uma alta de 0,3%


	Itaú Unibanco: mas ponderou que a recuperação depende da "reação da política econômica e de choques internacionais"
 (Sergio Moraes / Reuters)

Itaú Unibanco: mas ponderou que a recuperação depende da "reação da política econômica e de choques internacionais" (Sergio Moraes / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2016 às 14h11.

São Paulo - O Itaú Unibanco informou nesta sexta-feira, 5, em relatório enviado a clientes, que revisou a sua previsão de queda para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2016 de 2,8% para 4,0%.

"A economia recuou acentuadamente no fim do ano passado e indicadores antecedentes sugerem a continuidade da contração neste início de ano. Como acreditamos que a economia só deva se estabilizar a partir do segundo semestre, projetamos agora uma contração de 4,0% em 2016", explica o documento, assinado pelo economista-chefe do banco, Ilan Goldfajn.

A revisão ocorre dois dias depois de o presidente do banco, Roberto Setubal, ter dito, em teleconferência com analistas e investidores, que o PIB brasileiro deve apresentar retração de 2,5% a 5,0% neste ano.

Apesar de piorar a revisão para 2016, o banco aponta no relatório que melhorou sua projeção para 2017, agora com uma alta de 0,3%, contra uma estabilidade na estimativa anterior.

Mas ponderou que a recuperação depende da "reação da política econômica e de choques internacionais".

Ainda assim, o mercado de trabalho deve apresentar piora nos dois anos, com um aumento da taxa de desemprego para 13,0% em 2016 e para 13,4% no ano seguinte, na Pesquisa Mensal do Emprego (PME), do IBGE.

Com o enfraquecimento da demanda doméstica, o Itaú aposta também em uma desaceleração da inflação.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve subir 7,0% neste ano, depois de ter avançado 10,7% em 2015.

"Acreditamos que a inflação tenha iniciado uma longa trajetória de queda.

A menor pressão de preços administrados terá contribuição relevante para a redução do IPCA este ano.

O impacto da retração da economia na inflação, em particular de serviços, deve ficar mais claro ao longo deste ano", disse.

"O principal risco para esse cenário é uma desvalorização mais intensa do real", acrescentou, em referência à pressão inflacionária do dólar em produtos importados.

Apesar da preocupação com o câmbio, a instituição financeira acredita que o dólar não vai repetir a mesma valorização observada no ano passado e aposta que a moeda norte-americana terminará 2016 cotado a R$ 4,50 e a R$ 4,75 no fim de 2017.

Com o câmbio equilibrado, a inflação deve desacelerar novamente em 2017, para 5,0%.

Selic

Diante disso, a Selic deverá terminar o ano em 12,75%, depois de o Banco Central (BC) realizar, a partir de agosto, três cortes de 0,50 ponto porcentual.

"O BC vem sinalizando preocupação com a atividade global e doméstica. Acreditamos que a queda da inflação ao longo deste ano fará com que a autoridade monetária inicie um ciclo de redução das taxas de juros já na segunda metade de 2016", explica o banco.

Mais uma vez o Itaú lembra que o risco para esse cenário reside numa depreciação mais intensa da taxa de câmbio. A Selic está hoje em 14,25%.

Para o banco, as contas públicas continuam sendo "o núcleo do problema no Brasil", depois de o déficit primário ter encerrado 2015 em 1,9% do PIB (0,9%, excluindo despesas em atraso), ante um déficit de 0,6% do PIB em 2014.

Com isso, o Itaú revisou também a sua projeção para o resultado primário de 2016, de um déficit de 1,4% para 1,5% do PIB. A previsão para 2017 foi mantida em déficit de 2,0%.

"A situação fiscal segue se agravando. A eventual estabilização da atividade e a resultante melhora da arrecadação não bastam para melhorar o superávit primário, pois existe uma tendência estrutural dos gastos obrigatórios crescerem mais que o PIB. Sem reformas que reduzam esses gastos, a dívida pública bruta deve seguir em tendência de alta", afirma o banco.

Acompanhe tudo sobre:BancosEmpresasEmpresas brasileirasEstatísticasIndicadores econômicosInflaçãoIPCAItaúPIB

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto