Economia

Itália volta à recessão e mantém saga de parceiros europeus

Contração de 0,2% do PIB foi superior às previsões dos analistas, situadas na faixa de -0,1% a +0,1% em relação ao trimestre anterior

Economia italiana voltou a registrar patamares negativos e entrou novamente em recessão (Filippo Monteforte/AFP)

Economia italiana voltou a registrar patamares negativos e entrou novamente em recessão (Filippo Monteforte/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2014 às 15h17.

Milão - A Itália voltou à recessão, com uma contração de 0,2% do PIB do segundo trimestre, segundo dados publicados nesta quarta-feira, que derrubaram a Bolsa da terceira economia da zona do euro.

Os dados são um duro golpe no governo de centro-esquerda de Matteo Renzi, que contava com a retomada do crescimento para fechar o orçamento, lutar contra o desemprego e conter a enorme dívida do país, confrontado pela pior crise desde o final da Segunda Guerra Mundial.

A contração de 0,2% do PIB foi superior às previsões dos analistas, situadas na faixa de -0,1% a +0,1% em relação ao trimestre anterior, quando foi registrado um recuo de 0,1%.

Os resultados levam o país de volta à recessão, situação definida como dois trimestres consecutivos de retrocesso do Produto Interno Bruto (PIB).

O alívio durou pouco, já que o país deixou a recessão no quarto trimestre de 2013, com um crescimento de 0,1%, para encerrar o ano com uma retração de 1,9%.

Na comparação com o segundo trimestre de 2013, a contração da economia italiana foi de 0,3%, segundo o instituto de estatísticas Istat.

A Bolsa de Milão sofreu imediatamente o impacto dos dados econômicos, com uma depreciação de seu índice FTSE Mib que chegou a superar os 3,30%. Às 9H10 (horário de Brasília) a queda havia sido reduzida para 2,50%.

Exemplos de Espanha e Portugal

"A recuperação da zona do euro, iniciada durante a última primavera (do hemisfério norte), se estendeu a quase todo o bloco monetário, mas ainda não chegou na Itália", constatou Christian Schulz, economista da consultora Barenberg.

Espanha e Portugal, duas das nações mais abaladas pela crise que estourou em 2008, "estão entre os países com maior crescimento na Eurozona, graças a suas profundas reformas dos últimos três anos, mas a Itália continua sofrendo", completou.

Outro analista, Azad Zangana, da Schroders, concorda com a análise, ao destacar "os bons resultados de países que implementaram reformas estruturais para melhorar sua competitividade, como Espanha e Irlanda".

O Istat aponta que a produção diminuiu durante o segundo trimestre nos três principais setores de atividade (agricultura, indústria e serviços).

O ministro da Economia, Pier Carlo Padoan, admitiu em uma entrevista ao jornal Il Sole 24 Ore que o país se encontra "em fase de saída da recessão, muito trabalhosa, porque a recessão é realmente profunda".

Padoan reafirmou o objetivo de limitar o déficit público a 3% do PIB em 2014 e em 2015, segundo o acordo da Itália com os parceiros europeus, e suspender os obstáculos às reformas estruturais.

O porta-voz da Comissão Europeia, Simon O'Connor, apoiou o compromisso.

"Só com reformas estruturais (...) haverá condições de uma recuperação sustentável", declarou.

Renzi, que chegou ao poder em fevereiro deste ano em substituição a Enrico Letta, seu companheiro de partido, empreendeu reformas difíceis para sanar as contas do país, que, segundo analistas, podem prejudicar o crescimento.

A Itália também se vê abalada pela grande exposição à Rússia - confrontada por sanções ocidentais por seu apoio aos separatistas da Ucrânia - e ao Oriente Médio, onde há uma grande instabilidade política, lembra Martin Lueck, economista do UBS.

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