Economia

Itália e Finlândia discordam sobre recursos da Eurozona

O premiê finlandês reiterou que não deseja que os recursos comuns dos 17 Estados-membros da Eurozona sejam utilizados para comprar dívida dos países em dificuldades

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2012 às 17h12.

Helsinque - O chefe de governo italiano, Mario Monti, e o primeiro-ministro finlandês, Jyrki Katainen, mostraram nesta quarta-feira suas diferenças sobre o uso do dinheiro da zona do euro, após um encontro amigável.

Após quase duas horas de reunião com Monti, o primeiro-ministro finlandês reiterou que não deseja, como pretende o líder italiano, que os recursos comuns dos 17 Estados-membros da Eurozona sejam utilizados para comprar dívida dos países em dificuldades.

"Não cremos que seja a forma mais eficaz de utilizar o dinheiro", disse Katainen à AFP, já que "tememos que o FEEF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira) ou o MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade) fiquem rapidamente sem dinheiro se começarmos a intervir no mercado secundário" para comprar dívida, afirmou.

Ao mesmo tempo, Katainen não descartou outras possibilidades para fazer frente à crise, como uma linha de crédito, como faz o Fundo Monetário Internacional.

"Estes fundos poderiam ser utilizados como uma espécie de linha de crédito por precaução para manter os países no mercado. Contudo, estes mecanismos estão direcionados para ser utilizados só quando o país quebra", disse Katainen.

A Eurozona iniciou em 2010 planos de resgate para seus Estados membros que não podem captar nos mercados devido aos rendimentos proibitivos que lhes exigiam.

A Grécia foi o primeiro beneficiário, seguido por Irlanda e Portugal. Chipre também pediu ajuda e a Espanha pediu um plano de recapitalização para seus bancos.

Contudo, não há nada previsto para ajudar aos países cujas taxas de juros sobem perigosamente, a não ser eventuais intervenções do Banco Central Europeu (BCE).


O conselho de governadores do BCE se reúne nesta quinta-feira em meio às especulações após o recente anúncio de seu presidente, Mario Draghi, sobre a intervenção no mercado da dívida para reduzir a tensão que ronda Espanha e Itália.

Monti viajou a Helsinque para afirmar que a Itália, terceira economia da zona do euro, não irá recorrer a nenhum plano de resgate da Europa, mas precisa de apoio. Também falou, de maneira informal, com o comissário europeu para Assuntos Monetários, o finlandês Olli Rehn.

Em uma demonstração de amabilidade em uma coletiva de imprensa, Katainen se alegrou com o encontro, chamado por ele de "extraordinário", enquanto que Monti afirmou que Katainen é um dos interlocutores mais interessantes da Europa, declarando-se "admirador da Finlândia graças à continuidade de seu apoio sincero e confiável".

"Contudo, seria um acontecimento terrível para a integração se o euro, que devia ser a etapa mais perfeita da integração europeia (...) caminhasse pouco a pouco para a divisão e a desintegração", disse o italiano.

Na terça-feira, Monti afirmou que a Itália e o restante da Europa, abalados pela crise, se aproximam do "fim do túnel", antes de iniciar sua viagem por França, Finlândia e Espanha.

"Estamos nos aproximando, assim como o restante da Europa, do fim do túnel da crise, que começa a ser iluminado", declarou Monti à rádio RAI 1, antes de chamar de "muito importantes" as decisões tomadas pelos dirigentes europeus em junho para solucionar os problemas da dívida.

"As decisões que adotamos no conselho europeu de 28 e 29 de junho foram muito importantes e agora vemos os resultados em termos de maior disponibilidade das instituições europeias ou dos governos para aplicá-las", completou.

Para Monti, o mais importante é a adoção o mais rápido possível das decisões de Bruxelas.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaEuropaFinlândiaItáliaPaíses ricosPiigs

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo