Itália: país é o mais afetado do mundo pelo coronavírus depois da China, com cerca de 631 mortes (mario laporta/Reuters)
Reuters
Publicado em 11 de março de 2020 às 10h20.
Última atualização em 11 de março de 2020 às 15h00.
Roma — A Itália aumentará os gastos para ajudar a economia a lidar com o impacto do coronavírus e poderá impor restrições adicionais ao movimento para retardar a propagação da doença, disse o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, nesta quarta-feira.
A Itália é o país mais afetado do mundo pelo vírus depois da China, com cerca de 631 mortes e 10.149 casos confirmados desde que o contágio chegou à rica região norte da Lombardia em 21 de fevereiro.
Depois que um bloqueio inicial no norte não conseguiu impedir a propagação, o governo proibiu na segunda-feira todas as viagens não essenciais e reuniões públicas por toda a Itália até 3 de abril, interrompeu todos os eventos esportivos e prorrogou o fechamento das escolas.
Reconhecendo a crise crescente, Conte disse a repórteres que o governo vai destinar 28,3 bilhões de dólares para aliviar o impacto econômico. Há apenas uma semana ele estimou que precisaria de apenas 7,5 bilhões de euros. Ele disse que restrições já rígidas ao movimento podem ser mais apertadas depois que a região norte da Lombardia, onde fica a capital financeira da Itália, Milão, pediu que todas as lojas fechassem e que o transporte público fosse suspenso.
"Estamos prontos para ouvir pedidos da Lombardia e de outras regiões", disse Conte. "O principal objetivo é proteger a saúde dos cidadãos, mas devemos levar em conta que existem outros interesses em jogo. Devemos estar cientes de que existem liberdades civis que estão sendo violadas, sempre devemos proceder com cuidado."
Os gastos extras significam que o déficit orçamentário da Itália para 2020 subirá acima de 3% da produção nacional, o teto estabelecido pelas regras da União Europeia.
Conte disse que o governo pode impor mais restrições à circulação de pessoas depois que a Lombardia pediu que todas as lojas e o transporte público fechem.
"O principal objetivo é proteger a saúde dos cidadãos, mas devemos levar em conta que existem outros interesses em jogo. Devemos estar cientes de que existem liberdades civis que estão sendo violadas, sempre devemos proceder com cuidado", acrescentou o primeiro-ministro.
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, admitiu que o governo estuda a autorização de "medidas mais restritivas" contra a epidemia de coronavírus na Lombardia, como pedem as autoridades dessa rica região do norte da península.
"Não nos opomos a medidas mais restritivas", afirmou Conte em um encontro com a imprensa ao se referir ao pedido do governador da Lombardia de um "fechamento total", que inclui fábricas, lojas e transporte público.
Entre as áreas mais industrializadas e ricas da Itália, a região registrou 468 mortes do total nacional de 631, sendo a mais afetada pela epidemia.
"Estamos prontos para introduzir medidas mais restritivas para a Lombardia e para as outras regiões que assim solicitarem", declarou Conte em entrevista coletiva.
Em entrevista ao jornal "Il Corriere della Sera", o presidente da Lombardia, Attilio Fontana, defendeu "medidas ainda mais drásticas" do que as que se encontram em vigor.
"Se a epidemia continuar se propagando na velocidade atual, o sistema (de saúde) não vai aguentar", explicou.
A região teme um colapso do sistema de saúde e que a capacidade das salas de cuidados intensivos não seja suficiente para enfrentar o número de doentes graves.