Campelo relatou que os setores que mostram forte avanço da confiança são aqueles que receberam incentivos do governo federal, como eletrodomésticos da linha-branca e automóveis leves (Silvio Tanaka/Flickr)
Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2012 às 13h58.
São Paulo - O fim da redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bens de consumo, no final deste ano, provoca temor em relação quanto ao crescimento da indústria no primeiro trimestre do ano que vem. A avaliação foi feita nesta segunda-feira pelo o coordenador de sondagens da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo.
De acordo com ele, o benefício é o principal fator que impulsionou a confiança do empresário de bens duráveis até agora, mas a perspectiva do fim deste incentivo derruba a expectativa para o início de 2013. "O primeiro trimestre do ano que vem para duráveis será mais fraco", afirmou o economista, em entrevista à imprensa sobre a Sondagem da Indústria de Transformação do mês de outubro.
Campelo relatou que os setores que mostram forte avanço da confiança são aqueles que receberam incentivos do governo federal, principalmente por conta do IPI reduzido para eletrodomésticos da linha-branca e automóveis leves. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) do segmento de duráveis subiu 17,4 pontos nos últimos três meses e já se coloca acima da média dos últimos 60 meses.
"A notícia do fim desses benefícios provoca incerteza a respeito do desempenho da indústria no início de 2013", disse, lembrando que tradicionalmente os primeiros meses são mais fracos para a indústria.
A análise de que não está claro como será o desempenho industrial em 2013 é corroborada pelo Índice de Situação Futura dos Negócios, que mede a perspectiva das empresas seis meses adiante. O indicador para a indústria de bens de consumo duráveis recuou de 153,5 pontos em setembro para 140,4 pontos em outubro. Além disso, a sondagem mostra que 43,2% dos empresários desse segmento esperam uma melhora nos negócios daqui a seis meses. Em setembro, a parcela era de 69,4%.
Campelo acredita, entretanto, que a indústria de transformação, no geral, manterá a trajetória de recuperação no ano que vem. "O segmento de bens duráveis pode, de certa forma, ser compensado por outros, como construção ou mesmo bens de capital, que já mostram uma tímida recuperação", afirmou. "Na série dessazonalizada, a indústria deve confirmar a trajetória de alta."