Economia

Ipea: produção de riqueza ainda é concentrada no Brasil

Segundo estudo, 10% dos municípios mais ricos concentram 78,1% do PIB nacional

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h46.

Brasília - Apesar da queda na concentração de renda no Brasil, ainda é expressiva a desigualdade territorial na geração de riqueza do País. Um número reduzido de municípios responde pela maior parte do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. É o que mostra o estudo 'Desigualdade da Renda no Território Brasileiro', divulgado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e que analisa o grau de concentração/desigualdade dos Estados e regiões do País por meio dos PIBs e dos PIBs per capita dos municípios.

O estudo do Ipea considera o grau de desigualdade do PIB dos municípios brasileiros por meio do coeficiente de Gini, que varia de zero a um e, quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade.

No ano de 2007, por exemplo, os municípios entre os 10% mais ricos participavam com 78,1% do PIB nacional. Já os municípios entre os 40% mais pobres registravam uma participação de apenas 4,7%. Da segunda metade da década de 90 para cá, em plena fase de estabilidade monetária, no entanto, o grau de concentração dos PIBs municipais caiu levemente (-2%), passando o índice de Gini de 0,88, em 1996, para 0,82, em 2007.

Pelo estudo, entre 1996 e 2007, a desigualdade caiu mais na Região Nordeste (-4,8%), com coeficiente de Gini passando de 0,84 para 0,80. Em seguida, vem o Norte do País, com queda de 3,6% (0,83 para 0,80). Depois o Sul, com 2,5% (de 0,81 para 0,79), e o Centro-Oeste, com de 1,2% (de 0,86 para 0,85). Por último, o Sudeste, com redução de 1,1% (de 0,90 para 0,89).

Neste mesmo período, o Centro-Oeste foi a região que mais cresceu economicamente (5,3% ao ano), seguida pelo Norte (3,62% a.a), Nordeste (3,15% a.a), Sudeste (2,52% a.a) e Sul (2,27% a.a).

De 1996 a 2007, o grau de desigualdade dos PIBs dos municípios somente aumentou no Espírito Santo (3,7%) e no Mato Grosso do Sul (1,9%). Nos demais Estados, houve queda. Os Estados com maior queda no índice de Gini, entre 1996 e 2007, foram Acre (-13,5%), Sergipe (-11,3%) e Rondônia (-9,0%), ao contrário dos Estados de Goiás (-0,3%) e São Paulo (-1,3%), que apresentaram as menores reduções na desigualdade territorial da renda.

Os Estados com maior expansão dos PIBs municipais foram Tocantins, Maranhão e Mato Grosso do Sul. Mas isso não se refletiu na diminuição da desigualdade da riqueza territorial. Também os Estados com menos dinamismo na expansão dos PIBs (Amazonas, Rio Grande do Sul e Pernambuco) reduziram pouco o grau de desigualdade da riqueza territorial.

Com relação ao PIB per capita dos municípios brasileiros, seis Estados apresentaram elevação no grau de desigualdade, entre 1996 e 2007: Rio de Janeiro (alta de 42,4% no índice de Gini); Espírito Santo (26,5%), Mato Grosso (14,4%), Minas Gerais (8,8%), Maranhão (2,6%) e São Paulo (2,4%).

O estudo usou como referência dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerando um período de quase 90 anos - de 1920 a 2007.

Siga as notícias do site EXAME sobre Economia no Twitter

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDados de BrasilRealrenda-pessoal

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo