Economia

Ipea passa a ver inflação perto de 10% em 2021

Segundo o instituto, o IPCA deve encerrar 2021 com alta acumulada de 9,8%, contra taxa de 8,3% prevista em setembro

Mercado de frutas: IPCA pode bater maior patamar em quase 20 anos (Ricardo Moraes/Reuters)

Mercado de frutas: IPCA pode bater maior patamar em quase 20 anos (Ricardo Moraes/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 24 de novembro de 2021 às 10h55.

Última atualização em 24 de novembro de 2021 às 21h53.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) elevou nesta quarta-feira suas projeções para a inflação no Brasil em 2021 e 2022 diante da forte pressão de preços no país e no mundo, com a estimativa para este ano perto de 10%.

Segundo o instituto, o IPCA deve encerrar 2021 com alta acumulada de 9,8%, contra taxa de 8,3% prevista em setembro. O resultado fica bem acima do teto da meta oficial para este ano, de 3,75% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Para 2022, embora seja esperada desaceleração em relação à taxa de inflação deste ano, a projeção do Ipea para a alta dos preços subiu a 4,9%, de 4,1% antes, fora do centro da meta, que neste caso é de 3,5%, com margem também de 1,5 ponto.

"O recuo esperado da inflação em 2022 está balizado na estimativa de acomodação dos preços do petróleo, ainda que em patamar elevado, à baixa probabilidade de efeitos climáticos intensos e à projeção de um aumento de 7,8% da safra brasileira, que devem gerar uma pressão menor sobre combustíveis, energia elétrica e alimentos", explicou o Ipea em comunicado divulgado nesta quarta-feira.

O instituto destacou ainda que, apesar dos efeitos positivos sobre a demanda doméstica da retomada mais forte do mercado de trabalho e da implementação do Auxílio Brasil, as variações dos preços de bens e serviços no próximo ano devem ser atenuadas pela sinalização de continuidade da trajetória de alta dos juros.

Diante de indicadores de inflação persistentemente fortes, o Banco Central tem promovido um intenso ciclo de aperto monetário, o que é visto como um empecilho ao crescimento econômico, já que juros mais altos tendem a esfriar os gastos.

A taxa Selic está atualmente em 7,75% ao ano, e a expectativa do mercado é de que seja elevada a 9,25% na última reunião de política monetária do ano, em 7 e 8 de dezembro, de acordo com a pesquisa semanal Focus do BC.

Do lado externo, o Ipea disse que os riscos inflacionários seguem associados à possibilidade de novas acelerações nos preços de commodities.

Já internamente pesa a percepção de alguma fragilidade fiscal, além da instabilidade política diante do processo eleitoral, "cujos efeitos podem desencadear um novo ciclo de desvalorização cambial", completou o Ipea.

Em sua carta de conjuntura do quarto trimestre, o Ipea ressalvou que a inflação mais alta é um fenômeno global em meio a um cenário de pandemia, mas frisou que questões domésticas como crise hídrica e aumento do custo da energia ajudam a impulsionar os preços no Brasil.

Dados referentes a outubro mostraram recentemente que o IPCA disparou 10,67% no acumulado em 12 meses, taxa mais acentuada desde janeiro de 2016 (+10,71%).

  • Juros, dólar, inflação, BC, Selic. Entenda todos os termos da economia e como eles afetam o seu bolso. Assine a EXAME 
Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraInflaçãoIpea

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo