Combustíveis: gasolina teve alta de 5,76% no mês (Rodrigo Capote/Getty Images)
Repórter de Economia e Mundo
Publicado em 24 de março de 2023 às 09h19.
Última atualização em 24 de março de 2023 às 10h19.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação mensal, subiu 0,69% em março, segundo divulgado nesta sexta-feira, 24, pelo IBGE.
A variação dos preços em março representa uma desaceleração frente ao mês anterior: no índice de fevereiro, o IPCA-15 havia subido 0,76%.
O resultado veio em linha com as expectativas do mercado, que esperava variação em torno de 0,67%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta no mês de março, com exceção de Artigos de Residência (queda de 0,18%). O maior impacto no índice e a maior alta (1,50%) vieram de Transportes, grupo que inclui os combustíveis.
O IPCA-15 diz respeito ao período entre a última quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual, e é considerado uma prévia do IPCA final, que abrange o mês completo e é divulgado no mês seguinte. Para o IPCA-15 deste mês, os preços foram coletados no período de 11 de fevereiro a 15 de março e comparados com os preços vigentes de 13 de janeiro a 10 de fevereiro de 2023.
A gasolina subiu 5,76% no mês, impactada pela reoneração dos tributos federais a partir de 1º de março, isto é, incluindo parte do período medido no IPCA-15. Os tributos federais sobre combustíveis estavam zerados desde o ano passado, e foi reincorporada uma alíquota de R$ 0,47 para o litro de gasolina e R$ 0,02 para o litro de etanol.
A gasolina foi o subitem com maior impacto individual no IPCA-15 de março (contribuindo 0,26 p.p para o índice geral).
O grupo Saúde e cuidados pessoais (1,18%) foi o segundo com maior alta.
O impacto foi puxado por perfumes (alta de 5,88% e impacto de 0,06 p.p), mas vários itens tiveram variações acima da inflação geral no IPCA-15 de março, como higiene pessoal (2,36%) e artigos de maquiagem (3,81%).
O IBGE aponta ainda que o item plano de saúde (alta de 1,20% no mês) "segue incorporando as frações mensais dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023".
Outro destaque veio do grupo Habitação (alta de 0,81%), puxado pela energia elétrica residencial, que teve alta de 2,85% (e impacto de 0,11 p.p). Em algumas concessionárias do Rio de Janeiro foram aplicados reajustes, e em outras, como em Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e parte de São Paulo, o ICMS, tributo estadual, foi reincluído na base de cálculo.
A alimentação teve desaceleração no mês. Ao todo, o grupo Alimentação e Bebidas subiu 0,20% em março, frente à variação de 0,39% que havia tido em fevereiro. Os destaques foram:
Já a alimentação fora do domicílio acelerou, indo de 0,40% em fevereiro para 0,68% em março, com destaque para o preço do lanche, que subiu 1,02%.
No IPCA-15, prévia da inflação mensal e que vai de meados de um mês até meados do próximo, a inflação acumulada em 12 meses no índice de março ficou em 5,36%.
Os dados são os últimos divulgados no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE. A inflação fechada de cada mês é sempre divulgada no início do mês seguinte.
O consenso dos analistas é de inflação em 5,95% no ano de 2023, de acordo com a última edição do boletim Focus, publicada em 23 de março. A projeção diz respeito às opiniões de analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central semanalmente.
Como em todos os índices inflacionários, o IPCA tem uma variação mensal, que diz respeito a quanto os preços dos produtos e serviços pesquisados subiram em um mês. Já o acumulado diz respeito à variação em um período maior.
O IPCA acumulado nos últimos 12 meses, por exemplo, é a soma das variações ao longo desse período. Já o IPCA acumulado só neste ano de 2023, por ora, é a inflação vista em janeiro e fevereiro.
O IPCA é calculado pelo IBGE com base em uma cesta de produtos e serviços que, por meio de pesquisas e outras informações, se sabe que um brasileiro típico consume. O IPCA, assim, tenta apontar "a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos", segundo o IBGE. O índice é dividido em nove grupos:
Cada grupo tem dezenas ou até centenas de itens cujos preços são monitorados para calcular o valor final do IPCA. Além disso, os itens têm pesos diferentes no cálculo do índice. As passagens aéreas, por exemplo, têm peso menor do que o transporte público, por serem usadas por uma fatia menor da população ou com menos frequência.
O IPCA é somente um dos índices que medem a inflação. Há outros, com focos e pesos distintos. Para reajustar o aluguel, por exemplo, muitos locatários costumam usar o IGP-M (Índice Geral de Preços), que tem impacto maior de frentes como o dólar; já para obras, se usa o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), que confere maior peso aos custos dos materiais de construção.
O IPCA é o principal índice brasileiro por ser usado para mensurar a inflação em canais oficiais, como nas metas do governo e do Banco Central. O INPC, por sua vez, é usado para reajustar o salário mínimo, por dizer respeito a famílias com até cinco salários.