Economia

Inflação desacelera em março para 0,56%, mas é a maior para o mês em 2 anos

IPCA veio em linha com a expectativa do mercado financeiro, que esperava uma alta entre 0,50% e 0,56% no mês. Resultado no mês foi puxado pelo preço dos alimentos

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 11 de abril de 2025 às 09h02.

Última atualização em 11 de abril de 2025 às 10h11.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial da inflação no Brasil, fechou o mês de março com alta de 0,56%, desaceleração de 0,75 ponto percentual em comparação ao índice de 1,31% registrado em fevereiro.

O IPCA acumula alta de 5,48% nos últimos 12 meses, valor superior aos 5,06% observados no período anterior. No ano, o IPCA acumula alta de 2,04%. Em março de 2024, a variação foi de 0,16%.

Inicialmente, o IBGE informou que esse era o maior patamar do IPCA para um mês de março desde 2003. Depois, no entanto, corrigiu a informação, dizendo que é o maior índice para o mês desde 2023, há dois anos, quando os preços subiram 0,71%.

O resultado veio em linha com a expectativa do mercado financeiro, que esperava uma alta entre 0,50% e 0,56% no mês e um avanço acima de 5% no acumulado de 12 meses.

No agregado especial de serviços, o IPCA passou de 0,82% em fevereiro para 0,62% em março e o agregado de preços monitorados, ou seja, controlados pelo governo, passou de 3,16% para 0,18%.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Preço dos alimentos em alta influência IPCA

Segundo o IBGE, todos os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em março, com destaque para Alimentação e bebidas. O grupo acelerou de 0,70% para 1,17% e contribuiu com 0,25 ponto percentual para o IPCA do mês. No total, Alimentação e bebidas respondeu por 45% do índice geral.

Entre os itens com maiores altas, o tomate subiu 22,55%, o café moído teve alta de 8,14% e o ovo de galinha avançou 13,13%. Juntos, esses produtos representaram ¼ da inflação de março.

De acordo com Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa no IBGE, a alta do tomate foi causada pela antecipação da colheita em algumas regiões, impactada pelo calor do verão, o que reduziu a oferta no mercado em março.

"Para os ovos, houve aumento por conta do custo do milho, base da ração das aves, além de estarmos no período de quaresma, com maior demanda por essa proteína”, diz Gonçalves.

O café moído acumula alta de 77,78% nos últimos 12 meses. Segundo Gonçalves, a valorização é resultado da redução da oferta mundial do grão, com a quebra de safra no Vietnã devido a adversidades climáticas, além de problemas na produção interna.

Transportes, despesas pessoais e habitação influenciam desaceleração do IPCA em março

O grupo Transportes apresentou variação de 0,46% em março e teve o segundo maior impacto no IPCA do mês, com contribuição de 0,09 ponto percentual, segundo o IBGE. Apesar do peso no índice, houve desaceleração frente à alta de 0,61% registrada em fevereiro. A elevação foi influenciada principalmente pelas passagens aéreas, que saíram de uma queda de 20,46% em fevereiro para uma alta de 6,91% em março, representando o terceiro maior impacto individual no IPCA.

Em sentido oposto, os combustíveis também subiram 0,46% no mês, mas desaceleraram em relação a fevereiro, quando a alta foi de 2,89%. A gasolina variou 0,51% em março, abaixo dos 2,78% de fevereiro; o óleo diesel subiu 0,33% frente a 4,35%; e o etanol teve alta de 0,16%, ante 3,62% no mês anterior. O gás veicular inverteu o sinal, passando de queda de 0,52% para alta de 0,23% em março. Entre os destaques no grupo, houve ainda a redução de 1,09% nas tarifas de ônibus urbano, influenciada pelo reajuste em Porto Alegre e pelas gratuidades aplicadas em Curitiba e Brasília.

O terceiro maior impacto no índice veio do grupo Despesas pessoais, com alta de 0,70%, frente a 0,13% em fevereiro. A aceleração foi puxada principalmente pelo subitem "cinema, teatro e concertos", que avançou 7,76% com o fim das promoções da semana do cinema em fevereiro, segundo o IBGE.

O grupo Habitação, que havia subido 4,44% em fevereiro, passou a registrar alta de 0,24% em março. A desaceleração reflete a queda no ritmo de aumento da energia elétrica residencial, que desacelerou de 16,80% em fevereiro para 0,12% em março. A variação da energia foi impactada por reajustes tarifários no Rio de Janeiro e alterações nas alíquotas de Pis/Cofins.

Outros grupos também registraram mudanças de ritmo. Artigos de residência desacelerou de 0,44% para 0,13%; Saúde e cuidados pessoais caiu de 0,49% para 0,43%; e Educação de 4,70% para 0,10%. Já Vestuário passou de estabilidade (0,00%) para alta de 0,59%, enquanto Comunicação subiu de 0,17% para 0,24%.

Resultado dos grupos do IPCA em março:

IPCA - Variação e Impacto por grupos - mensal
GrupoVariação (%)Impacto (p.p.)
FevereiroMarçoFevereiroMarço
Índice Geral1,310,561,310,56
Alimentação e bebidas0,701,170,150,25
Habitação4,440,240,650,04
Artigos de residência0,440,130,010,00
Vestuário0,000,590,000,03
Transportes0,610,460,130,09
Saúde e cuidados pessoais0,490,430,070,06
Despesas pessoais0,130,700,010,07
Educação4,700,100,280,01
Comunicação0,170,240,010,01
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços

Curitiba tem maior inflação no mês

Quanto aos índices regionais, a maior variação no IPCA de março ocorreu em Curitiba e Porto Alegre, ambas com alta de 0,76%. A aceleração foi puxada principalmente pelo aumento da gasolina, que registrou avanço de 1,84% na capital paranaense e de 2,43% na capital gaúcha.

Já a menor variação foi registrada em Rio Branco e em Brasília, ambas com inflação de 0,27%. No Acre, o recuo de 16,01% nas passagens aéreas ajudou a conter a alta dos preços. No Distrito Federal, o impacto veio da redução de 24,18% no preço do ônibus urbano, segundo os dados do IBGE

IPCA - Variação por regiões - mensal e acumulada no ano e em 12 meses
RegiãoPeso Regional (%)Variação (%)Variação Acumulada (%)
FevereiroMarçoAno12 meses
Curitiba8,091,550,762,245,43
Porto Alegre8,611,290,762,035,13
São Paulo32,281,180,712,055,77
São Luís1,621,410,551,885,39
Vitória1,861,510,532,415,58
Rio de Janeiro9,431,400,532,015,22
Campo Grande1,571,620,422,085,76
Salvador5,991,380,412,185,63
Belo Horizonte9,691,310,412,166,07
Aracaju1,031,640,402,665,14
Recife3,921,400,361,894,55
Belém3,941,520,352,104,81
Fortaleza3,231,030,321,474,57
Goiânia4,171,160,311,445,23
Rio Branco0,511,060,270,994,83
Brasília4,061,380,272,235,61
Brasil100,001,310,562,045,48
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços

Como ficou o IPCA de março de 2025?

  • Inflação de março: 0,56%
  • IPCA dos últimos 12 meses: 5,48%
  • IPCA no ano: 2,04%

Quem calcula o IPCA?

O cálculo do IPCA envolve várias etapas e considerações importantes. Vamos entender como isso é feito:

1. Amostra de produtos e serviços

O IPCA é calculado com base em uma amostra de produtos e serviços que representam os gastos das famílias brasileiras. Essa amostra é composta por cerca de 400 itens, que incluem alimentos, bebidas, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros. A seleção dos itens é feita com base em pesquisas de orçamento familiar e em dados de consumo das famílias.

2. Pesquisa de preços

Para calcular o IPCA acumulado, o IBGE realiza uma pesquisa de preços em estabelecimentos comerciais de todo o país. Essa pesquisa é realizada mensalmente e envolve cerca de 30 mil estabelecimentos, incluindo supermercados, lojas de departamento, postos de combustível, entre outros. Os preços dos produtos e serviços são coletados e comparados com os preços do mês anterior.

3. Ponderação dos itens

Os itens da amostra do IPCA são ponderados de acordo com a sua participação nos gastos das famílias brasileiras. Itens que representam uma parcela maior dos gastos têm um peso maior no cálculo do IPCA. Essa ponderação é feita com base em dados de orçamento familiar e em pesquisas de consumo.

4. Cálculo do índice

O IPCA é calculado a partir da variação dos preços dos produtos e serviços da amostra. Essa variação é medida em relação ao mês anterior e é ponderada de acordo com a participação de cada item nos gastos das famílias. O resultado é um índice que reflete a variação média.

O que é IPCA acumulado?

O IPCA acumulado é um indicador que mede a variação dos preços de um conjunto de produtos e serviços ao longo de um determinado período. Ele é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e é considerado o índice oficial de inflação no Brasil. O IPCA acumulado é utilizado para monitorar a inflação e é divulgado mensalmente.

O que significa a sigla IPCA?

A sigla IPCA significa Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Ele é um indicador que mede a variação dos preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras com renda mensal entre um e 40 salários mínimos. O IPCA é calculado pelo IBGE e é considerado o índice oficial de inflação no Brasil. Ele é utilizado para monitorar a inflação e é divulgado mensalmente.

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