Economia

IPCA de novembro desacelera e fica em 0,39%; inflação acumulada de 12 meses sobe para 4,87%

Com a alta no mês, o IPCA segue acima do teto da meta de inflação do Banco Central

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 10 de dezembro de 2024 às 09h05.

Última atualização em 10 de dezembro de 2024 às 09h20.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que é o indicador oficial da inflação no Brasil, fechou o mês de novembro com alta de 0,39%, desaceleração em comparação ao índice de 0,56% registrado em outubro. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IPCA acumula alta de 4,29% no ano e, nos últimos 12 meses, de 4,87%, valor superior aos 4,76% observados no período anterior. Em novembro de 2023, a variação foi de 0,28%.

O resultado veio levemente acima da expectativa do mercado financeiro, que previa uma alta de 0,37% no mês e um avanço de 4,85% no acumulado de 12 meses.

Com a alta no mês, o IPCA segue acima do teto da meta de inflação do Banco Central. Na próxima quarta-feira, 11, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve intensificar o ciclo de aperto monetário e aumentar a taxa de juros em 0,75 ponto percentual.

Por que o IPCA de novembro subiu?

Segundo o IBGE, o IPCA registrou alta em novembro devido a pressões nos grupos de Alimentação e bebidas (1,55%), Transportes (0,89%) e Despesas pessoais (1,43%). No grupo de alimentos, o preço das carnes subiu 8,02%, enquanto as passagens aéreas, no grupo de transportes, avançaram 22,65%. O cigarro, por sua vez, registrou alta de 14,91%.

A alimentação e bebidas foi responsável por 0,33 ponto percentual do índice geral de novembro. Entre os itens que mais pressionaram a alta estão o contrafilé, alcatra, refeição fora de casa, óleo de soja e costela, cada um contribuindo com 0,03 ponto percentual.

“A alta dos alimentícios foi influenciada, principalmente, pelas carnes, que subiram mais de 8% em novembro. A menor oferta de animais para abate e o maior volume de exportações reduziram a oferta do produto”, explicou André Almeida, gerente do IPCA e do INPC.

No grupo de transportes, o avanço de 0,89% foi puxado pela alta de 22,65% nas passagens aéreas, que contribuíram com 0,13 ponto percentual para o índice, representando o maior impacto individual do mês. Enquanto isso, os combustíveis tiveram queda de -0,15%, influenciados pelas baixas no etanol (-0,19%) e na gasolina (-0,16%). No sentido oposto, o gás veicular e o óleo diesel registraram altas de 0,09% e 0,03%, respectivamente.

Já o subitem ônibus urbano subiu 3,64%, refletindo a reversão das gratuidades aplicadas em outubro durante as eleições municipais. Em São Paulo, os preços do trem e do metrô recuaram -0,43%, devido à gratuidade concedida nos dias do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

André Almeida destacou a relevância do aumento das passagens aéreas. “A proximidade do final de ano e os diversos feriados do mês podem ter contribuído para essa alta”, explicou.

Resultado dos grupos do IPCA em novembro:

GrupoVariação (%)Impacto (p.p.)
OutubroNovembroOutubroNovembro
Índice Geral0,560,390,560,39
Alimentação e bebidas1,061,550,230,33
Habitação1,49-1,530,23-0,24
Artigos de residência0,43-0,310,02-0,01
Vestuário0,37-0,120,020,00
Transportes-0,380,89-0,080,18
Saúde e cuidados pessoais0,38-0,060,05-0,01
Despesas pessoais0,701,430,070,14
Educação0,04-0,040,000,00
Comunicação0,52-0,100,020,00

Como ficou o IPCA de novembro de 2024?

  • Inflação de outubro: 0,39%
  • IPCA dos últimos 12 meses: 4,87%
  • IPCA no ano: 4,29%

Quem calcula o IPCA?

O cálculo do IPCA envolve várias etapas e considerações importantes. Vamos entender como isso é feito:

1. Amostra de produtos e serviços

O IPCA é calculado com base em uma amostra de produtos e serviços que representam os gastos das famílias brasileiras. Essa amostra é composta por cerca de 400 itens, que incluem alimentos, bebidas, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros. A seleção dos itens é feita com base em pesquisas de orçamento familiar e em dados de consumo das famílias.

2. Pesquisa de preços

Para calcular o IPCA acumulado, o IBGE realiza uma pesquisa de preços em estabelecimentos comerciais de todo o país. Essa pesquisa é realizada mensalmente e envolve cerca de 30 mil estabelecimentos, incluindo supermercados, lojas de departamento, postos de combustível, entre outros. Os preços dos produtos e serviços são coletados e comparados com os preços do mês anterior.

3. Ponderação dos itens

Os itens da amostra do IPCA são ponderados de acordo com a sua participação nos gastos das famílias brasileiras. Itens que representam uma parcela maior dos gastos têm um peso maior no cálculo do IPCA. Essa ponderação é feita com base em dados de orçamento familiar e em pesquisas de consumo.

4. Cálculo do índice

O IPCA é calculado a partir da variação dos preços dos produtos e serviços da amostra. Essa variação é medida em relação ao mês anterior e é ponderada de acordo com a participação de cada item nos gastos das famílias. O resultado é um índice que reflete a variação média.

O que é IPCA acumulado?

O IPCA acumulado é um indicador que mede a variação dos preços de um conjunto de produtos e serviços ao longo de um determinado período. Ele é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e é considerado o índice oficial de inflação no Brasil. O IPCA acumulado é utilizado para monitorar a inflação e é divulgado mensalmente.

O que significa a sigla IPCA?

A sigla IPCA significa Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Ele é um indicador que mede a variação dos preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras com renda mensal entre um e 40 salários mínimos. O IPCA é calculado pelo IBGE e é considerado o índice oficial de inflação no Brasil. Ele é utilizado para monitorar a inflação e é divulgado mensalmente.

Acompanhe tudo sobre:IPCAInflação

Mais de Economia

Corte de gastos: veja o que o Congresso manteve ou alterou do pacote fiscal do governo

Senado vota hoje projeto que altera salário mínimo e finaliza pacote de corte de gastos

Senado aprova em 2º turno PEC que prevê novas regras para abono salarial

Senado aprova projeto que torna o Pronampe permanente; texto vai à sanção