Economia

IPCA de fevereiro acelera e sobe 1,31%, maior alta para o mês desde 2003

Inflação acumula alta de 5,06% nos últimos 12 meses. O dado veio em linha com a expectativa do mercado financeiro

Inflação: energia elétrica exerceu a maior influência no índice

Inflação: energia elétrica exerceu a maior influência no índice

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 12 de março de 2025 às 09h02.

Última atualização em 11 de abril de 2025 às 09h14.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que é o indicador oficial da inflação no Brasil, fechou o mês de fevereiro com alta de 1,31%, aceleração de 1,15 ponto percentual em comparação ao índice de 0,16% registrado em janeiro.

Esta é a maior alta para um mês de fevereiro desde 2003 (1,57%) e a maior taxa desde março de 2022 (1,62%).

O IPCA acumula alta de 5,06% nos últimos 12 meses, valor inferior aos 4,56% observados no período anterior. Em fevereiro de 2024, a variação foi de 0,83%.

O resultado veio em linha com a expectativa do mercado financeiro, que esperava uma alta entre 1,28% e 1,33% no mês e um avanço acima de 5% no acumulado de 12 meses.

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Aceleração foi puxada pelo aumento de 16,80% na energia elétrica residencial, que exerceu um impacto de 0,56 ponto percentual (p.p.) no índice. O grupo Habitação, que acelerou de -3,08% em janeiro para 4,44% em fevereiro, exerceu o maior impacto (0,65 p.p.) no índice do mês. 

“Essa alta se deu em razão do fim da incorporação do Bônus de Itaipu, que concedeu descontos em faturas no mês de janeiro. Com isso, o subitem energia elétrica residencial passou de uma queda de 14,21% em janeiro para uma alta de 16,80% em fevereiro”, explica Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.

A maior variação foi registrada no grupo Educação, com uma alta de 4,70%, o que representou um impacto de 0,28 p.p. no índice geral. Gonçalves destaca que esse aumento ocorreu devido aos reajustes nas mensalidades escolares no início do ano letivo, com ênfase no ensino fundamental (7,51%), ensino médio (7,27%) e pré-escola (7,02%).

Preço dos alimentos desacelera

O grupo Alimentação e Bebidas apresentou variação de 0,70% e impacto de 0,15 p.p., desacelerando em relação ao mês de janeiro, quando foi registrada variação de 0,96%. Entre as altas, destacam-se o ovo de galinha, com aumento de 15,39%, e o café moído, que subiu 10,77%. Já as quedas mais relevantes foram na batata-inglesa (-4,10%), arroz (-1,61%) e leite longa vida (-1,04%).

“O café, que já enfrenta problemas na safra, segue em trajetória de alta desde janeiro de 2024. O aumento do ovo, por sua vez, é explicado pela maior exportação, após questões relacionadas à gripe aviária nos Estados Unidos, e também pela demanda crescente com a volta às aulas. Além disso, o calor afeta a produção, reduzindo a oferta”, afirma o gerente.

O grupo Transportes teve variação de 0,61% e impacto de 0,13 p.p., também desacelerando em comparação a janeiro, quando a variação foi de 1,30%. O reajuste no ICMS impulsionou o aumento nos combustíveis, que subiram 2,89%, com destaque para o óleo diesel (4,35%), etanol (3,62%) e gasolina (2,78%). A gasolina, devido ao seu peso, foi responsável pelo segundo maior impacto no índice, com 0,14 p.p. O gás veicular apresentou queda de 0,52%.

Os demais grupos apresentaram os seguintes resultados: Artigos de residência (0,44%), Vestuário (0,00%), Saúde e cuidados pessoais (0,49%), Despesas pessoais (0,13%) e Comunicação (0,17%).

Resultado dos grupos do IPCA em fevereiro:

IPCA - Variação e Impacto por grupos - mensal
GrupoVariação (%)Impacto (p.p.)
JaneiroFevereiroJaneiroFevereiro
Índice Geral0,161,310,161,31
Alimentação e bebidas0,960,700,210,15
Habitação-3,084,44-0,460,65
Artigos de residência-0,090,440,000,01
Vestuário-0,140,00-0,010,00
Transportes1,300,610,270,13
Saúde e cuidados pessoais0,700,490,090,07
Despesas pessoais0,510,130,050,01
Educação0,264,700,020,28
Comunicação-0,170,17-0,010,01
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços

Inflação nas capitais

A maior variação nos índices regionais foi observada em Aracaju, com um aumento de 1,64%. O destaque ficou para a alta da energia elétrica residencial (19,20%) e da gasolina (3,29%). Por outro lado, Fortaleza apresentou a menor variação (1,03%), influenciada pela queda nas passagens aéreas (-18,56%) e na gasolina (-3,31%).

IPCA - Variação por regiões - mensal e acumulada no ano e em 12 meses
RegiãoPeso Regional (%)Variação (%)Variação Acumulada (%)
JaneiroFevereiroAno12 meses
Aracaju1,030,591,642,245,24
Campo Grande1,570,041,621,655,43
Curitiba8,09-0,091,551,474,67
Belém3,940,221,521,745,01
Vitória1,860,351,511,875,08
São Luís1,62-0,081,411,325,67
Rio de Janeiro9,430,061,401,464,84
Recife3,920,121,401,524,51
Salvador5,990,381,381,765,37
Brasília4,060,561,381,955,55
Belo Horizonte9,690,431,311,755,77
Porto Alegre8,61-0,031,291,264,20
São Paulo32,280,151,181,335,17
Goiânia4,17-0,031,161,125,28
Rio Branco0,51-0,341,060,714,73
Fortaleza3,230,111,031,144,52
Brasil100,000,161,311,475,06
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços

 

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