O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, vem reiterando que o pico da inflação em 12 meses seria em setembro e que a tendência seria de desaceleração (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2011 às 11h20.
São Paulo - A inflação brasileira em 12 meses provavelmente atingiu seu pico em setembro, mas isso não representa uma melhora significativa do quadro, já que a desaceleração prevista para a partir de outubro deve-se mais à saída das altas taxas do final do ano passado.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta manhã que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,53 por cento em setembro, após alta de 0,37 por cento em agosto, na maior alta para esse mês desde 2003. No ano, o IPCA acumulou elevação de 4,97 por cento.
Nos 12 meses encerrados em setembro, a alta acumulada do IPCA foi de 7,31 por cento, a maior desde maio de 2005, seguindo acima dos 6,5 por cento que são o teto da meta perseguida pelo governo. O acumulado vem superando esse patamar desde abril.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, vem reiterando que o pico da inflação em 12 meses seria em setembro e que a tendência a partir daí seria de desaceleração e convergência para o centro da meta.
Analistas concordam com a questão do pico, mas têm dúvidas sobre a convergência.
"A inflação em 12 meses vai desacelerar, porque o fim do ano passado teve taxas médias de 0,80 por cento e agora a gente não antecipa isso... Vemos uma taxa média no quarto trimestre de 0,55 por cento e de 0,65 por cento no primeiro trimestre de 2012", disse Flávio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank.
"Então, (a taxa acumulada) está fadada a desacelerar, mas isso não significa que vamos estar numa trajetória benigna de inflação. Ela vai continuar com taxas mensais acima do centro da meta (quando anualizadas)", acrescentou.
Gustavo Arruda, economista do BNP Paribas, acredita que a inflação deve continuar no atual patamar mensal por algum tempo, mas isso não resolve o problema.
"Acreditamos que a inflação continua sendo um desafio maior do que se acreditava", disse Arruda. "Temos dificuldade em ver o IPCA atingindo o centro da meta no futuro próximo." Ainda assim, os analistas acreditam na manutenção do afrouxamento monetário, devido aos sinais do BC, que cita a preocupação com a turbulência externa. No final de agosto, o Comitê de Política Monetária reduziu o juro básico em 0,5 ponto para 12,00 por cento.