Preços: o IPCA acumulou alta de 6,51% em 12 meses até agosto, diz IBGE (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2014 às 15h15.
Rio de Janeiro/São Paulo - A inflação oficial brasileira acelerou para 0,25 por cento em agosto e voltou a estourar o teto da meta do governo em 12 meses, pressionada pelo grupo Habitação e tarifas de energia elétrica.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 6,51 por cento em 12 meses até agosto, contra 6,50 por cento no mês anterior, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
Em julho, o índice havia registrado variação positiva de 0,01 por cento ante junho.
A inflação no Brasil vem rondando há meses o teto da meta do governo - de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos -, tornando-se um tema crítico conforme se aproxima a eleição presidencial, em outubro.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, contudo, minimizou o fato da o IPCA ter ultrapassado o teto da meta.
"A inflação pode ultrapassar a meta ao longo do ano, e isso acontece, o importante é fechar o ano dentro da meta", disse o secretário a jornalistas, acrescentando que a expectativa do governo é que o IPCA feche o ano perto de 6 por cento.
As leituras de agosto do IPCA confirmaram as expectativas em pesquisa da Reuters.
O índice de difusão, por sua vez, caiu a 54,96 por cento em agosto contra 58,98 por cento no mês anterior, segundo contas do Banco Fator.
ENERGIA ELÉTRICA
Em agosto, de acordo com o IBGE, o maior impacto veio do grupo Habitação, que subiu 0,94 por cento, elevando o índice em 0,14 ponto percentual.
Em julho, o grupo Habitação tinha subido 1,20 por cento. Energia elétrica foi o destaque individual, com alta de 1,76 por cento, devido a reajustes de preços em várias regiões, gerando impacto de 0,05 ponto percentual no índice do mês.
Ainda assim, as tarifas de energia mostraram desaceleração ante o avanço de 4,52 por cento no mês anterior.
"A energia foi o principal item para segurar a inflação no ano passado, e neste ano há uma devolução dessa queda. Um movimento que ainda não acabou", afirmou a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.
No ano, os preços de energia elétrica acumulam alta de 11,66 por cento. Um dos principais vilões da inflação neste ano e provavelmente no próximo ano, por conta da gasolina e da energia elétrica, os preços administrados subiram 0,51 por cento em agosto, contra 0,39 por cento em julho.
Já os preços de Serviços tiveram alta de 0,59 por cento, deixando para trás a deflação de 0,06 por cento do mês anterior.
Empregado doméstico também registrou impacto de 0,05 ponto percentual no IPCA de agosto, após alta de 1,26 por cento, mas apesar disso o grupo Despesas Pessoais desacelerou para alta de 0,09 por cento, ante 0,12 por cento em julho.
RISCOS
O cenário de inflação persistentemente no teto da meta e de fraqueza da economia, que entrou em recessão no primeiro semestre, vem minando a confiança do empresariado e do consumidor.
"Reiteramos que ainda existem riscos consideráveis para a inflação no médio prazo, mesmo levando em consideração que projetamos quase nenhum crescimento neste ano", destacaram em nota o economista-chefe, Jankiel Santos, e economista sênior, Flávio Serrano, do banco Espírito Santo Investment Bank.
Segundo eles, o IPCA vai avançar gradualmente para entre 0,50 e 0,60 por cento nos últimos três meses do ano. Para o próximo mês, os economistas estimam leitura perto de 0,45 por cento.
O Banco Central manteve a Selic nesta semana em 11 por cento pela terceira vez seguida, e sinalizou que não pretende mexer na política monetária no curto prazo.
O início de novo ciclo de aperto só é esperado para o começo de 2015. Pesquisa Focus do BC mostra que a expectativa de economistas é de que o IPCA encerre este ano a 6,27 por cento e em 6,29 por cento no próximo ano.