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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia do IPCA, índice usado como referência pelo governo, surpreendeu o mercado. Não só pelo erro técnico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que acabou antecipando para ontem a divulgação prevista para as 9h30 desta sexta-feira (22/9), mas também porque a inflação ficou abaixo até das projeções mais otimistas.
O índice contabilizado entre 15 de agosto de 12 de setembro registrou alta de 0,05%, sendo que a previsão dos analistas era de variação entre 0,06% e 0,17%. "O IPCA-15 ainda não captou o aumento no preço dos alimentos, que já foi registrado por outros indicadores, como o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M). No final do mês, deve ser verificado algum aumento, reflexo principalmente do reajuste nos preços das carnes, mas ainda assim o indicador continuará baixo", afirma a economista da consultoria Tendências, Marcela Prada. As projeções da consultoria apontam inflação de 0,13% para o IPCA de setembro.
De acordo com o IBGE, a queda da inflação para 0,05% este mês - em agosto o IPCA-15 foi de 0,19% - foi impulsionada pela redução dos itens relacionados a transporte e do preço dos alimentos, que apresentaram deflação de 0,38% e de 0,06%, respectivamente.
O litro da gasolina, que havia subido 0,46% em agosto, ficou 0,38% mais barato, enquanto o álcool caiu 2,59% depois de registrar alta de 1,87% no mês anterior. Dentre os alimentos, os que apresentaram maior redução de preços foram cebola (-18,31%), batata-inglesa (-11,81%) e feijão carioca (-7,37%).
Além disso, outros itens, como remédios, eletrodomésticos e artigos de higiene pessoal e de limpeza também tiveram deflação, de 0,26%, 0,28% e 0,55% e 0,37%, respectivamente. O aumento de 1,97% nos salários dos empregados domésticos, resultado do reajuste do salário-mínimo, não foi suficiente para impedir a desaceleração do IPCA-15.
"Isso nos leva a crer que há espaço para redução dos juros", diz Marcela. A Tendências prevê queda de 0,5 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, sendo que a previsão para o final do ano é de recuo da taxa dos atuais 14,25% para 13,5%.