Economia

IPCA-15 fica em 0,64% em março, pressionado por preço dos alimentos e combustíveis

O dado ficou levemente abaixo da expectativa do mercado financeiro, que esperava uma alta de 0,70%. A prévia da Inflação acumula alta de 5,26% nos últimos 12 meses

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 27 de março de 2025 às 09h03.

Última atualização em 27 de março de 2025 às 10h15.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), indicador que é a prévia da inflação oficial do Brasil, fechou em março em 0,64%, desaceleração de 0,59 ponto percentual em relação a fevereiro, quando o índice registrou alta de 1,23%. O resultado foi divulgado nesta quinta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

O dado ficou abaixo da expectativa do mercado financeiro, que esperava uma alta de 0,70%.

O IPCA-15 acumula alta de 5,26% nos últimos 12 meses, acima dos 4,96% observados nos 12 meses acumulados até fevereiro. O dado mantém a inflação acima da meta definida pelo Banco Central. Em março de 2024, o IPCA-15 foi de 0,36%.

Segundo o IBGE, o resultado foi influenciado, principalmente, pelos grupos de Alimentação e bebidas, com alta de 1,09% e impacto de 0,24 p.p. no índice geral, e Transportes, que subiu 0,92% e exerceu influência de 0,19 p.p.. Juntos, os dois grupos respondem por cerca de 2/3 do resultado de março.

 

IPCA-15 e IPCA-E - Variação e impacto nos grupos
GrupoVariação Mensal (%)ImpactoVariação Acumulada (%)
(p.p.)
JaneiroFevereiroMarçoMarçoTrimestre12 meses
Índice Geral0,111,230,640,641,995,26
Alimentação e bebidas1,060,611,090,242,787,30
Habitação-3,434,340,370,061,133,93
Artigos de residência0,720,380,030,001,131,84
Vestuário0,46-0,080,280,010,653,32
Transportes1,010,440,920,192,395,35
Saúde e cuidados pessoais0,640,540,350,051,545,61
Despesas pessoais0,400,010,810,081,225,41
Educação0,254,780,070,005,126,30
Comunicação0,15-0,060,320,010,411,78
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor.

Preço dos alimentos segue em alta

A alta de preços no setor alimentício voltou a exercer pressão sobre o IPCA-15, prévia da inflação oficial. A alimentação no domicílio subiu 1,25% em março, aceleração de 0,63% frente ao mês de fevereiro.

Entre os itens que mais contribuíram para a alta estão o ovo de galinha (19,44%), o tomate (12,57%), o café moído (8,53%) e as frutas (1,96%).

A alimentação fora do domicílio também subiu, de 0,56% em fevereiro para 0,66% em março . A principal contribuição veio da alta nas refeições servidas em restaurantes, que passaram de 0,43% para 0,62%.

O item lanche teve leve desaceleração, passando de 0,77% para 0,68% no período.

Alta no preço do óleo diesel

O grupo de Transportes também exerceu forte influência no índice geral, impulsionado principalmente pelos combustíveis.

A alta média dos combustíveis foi de 1,88% , com destaque para o aumento da gasolina, do etanol e do óleo diesel.

O óleo diesel teve variação de 2,77%, enquanto o etanol subiu 2,17%. A gasolina, por sua vez, registrou aumento de 1,83% e foi o item que mais pesou no índice geral, com impacto de 0,10 ponto percentual. O gás veicular também subiu, com variação de 0,08%.

O item trem registrou alta de 1,90% no mês, refletindo o reajuste de 7,04% nas tarifas no Rio de Janeiro, válido desde 2 de fevereiro . O impacto dessa mudança no índice do estado foi de 4,25%.

Todas as capitais tiveram alta de preços na prévia de março

Regionalmente, todas as capitais pesquisadas tiveram alta em março. A maior variação foi registrada em Curitiba (1,12%), por conta das altas da gasolina (7,06%) e do etanol (6,16%). Já o menor resultado ocorreu em Fortaleza (0,34%), que apresentou queda nos preços da energia elétrica residencial (-1,69%) e da gasolina (-0,90%).

IPCA-15 e IPCA-E - Variação nas regiões
RegiãoPeso Regional (%)Variação Mensal (%) Variação Acumulada (%)
JaneiroFevereiroMarçoTrimestre12 meses
Curitiba8,090,161,111,122,415,47
Brasília4,840,261,340,782,395,73
Porto Alegre8,61-0,131,080,781,734,60
Rio de Janeiro9,770,001,320,631,965,11
Belém4,460,011,390,622,024,87
Belo Horizonte10,040,131,270,622,045,89
São Paulo33,450,091,200,601,905,32
Salvador7,190,281,360,582,235,43
Recife4,710,061,490,431,994,61
Goiânia4,960,530,990,411,955,38
Fortaleza3,880,211,100,341,664,57
Brasil100,000,111,230,641,995,26
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor.

Qual foi o resultado do IPCA-15 de março de 2025?

  • IPCA-15 de março: 0,64%
  • IPCA-15 no ano: 1,99%
  • IPCA-15 nos 12 meses: 5,26%

Quem calcula o IPCA?

O cálculo do IPCA envolve várias etapas e considerações importantes. Vamos entender como isso é feito:

1. Amostra de produtos e serviços

O IPCA é calculado com base em uma amostra de produtos e serviços que representam os gastos das famílias brasileiras. Essa amostra é composta por cerca de 400 itens, que incluem alimentos, bebidas, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros. A seleção dos itens é feita com base em pesquisas de orçamento familiar e em dados de consumo das famílias.

2. Pesquisa de preços

Para calcular o IPCA acumulado, o IBGE realiza uma pesquisa de preços em estabelecimentos comerciais de todo o país. Essa pesquisa é realizada mensalmente e envolve cerca de 30 mil estabelecimentos, incluindo supermercados, lojas de departamento, postos de combustível, entre outros. Os preços dos produtos e serviços são coletados e comparados com os preços do mês anterior.

3. Ponderação dos itens

Os itens da amostra do IPCA são ponderados conforme a sua participação nos gastos das famílias brasileiras. Itens que representam uma parcela maior dos gastos têm um peso maior no cálculo do IPCA. Essa ponderação é feita com base em dados de orçamento familiar e em pesquisas de consumo.

4. Cálculo do índice

O IPCA é calculado a partir da variação dos preços dos produtos e serviços da amostra. Essa variação é medida em relação ao mês anterior e é ponderada segundo a participação de cada item nos gastos das famílias. O resultado é um índice que reflete a variação média.

O que é IPCA-15?

Para o cálculo do IPCA-15, a metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica. Os preços foram coletados no período de 16 de maio a 14 de junho de 2024 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 16 de abril a 15 de maio de 2024 (base).

O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.

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