Economia

IPC chegou ao topo e deve recuar nos próximos meses, diz FGV

A avaliação é do superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros


	O IPC passou de alta de 0,75% em abril para avanço de 0,68% em maio
 (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O IPC passou de alta de 0,75% em abril para avanço de 0,68% em maio (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2015 às 13h59.

São Paulo - A taxa do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) atingiu o pico de alta ao ficar em 8,31% entre abril e maio e a tendência para os próximos meses é de uma trajetória de leve desaceleração.

A avaliação é do superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. "A taxa deve recuar um pouco, mas não veremos o IPC em 12 meses abaixo dos 8% neste ano", estimou.

O IPC passou de alta de 0,75% em abril para avanço de 0,68% em maio. "A primeira razão para recuo do IPC em maio é fim do efeito da energia elétrica", disse Quadros.

Em termos de contribuição para o recuo de 0,07 ponto porcentual do IPC na margem, o grupo Habitação influenciou com 0,17 ponto porcentual.

O outro recuo registrado foi de apenas 0,05 ponto porcentual em Alimentação. Os demais grupos contribuíram com no máximo 0,05 ponto porcentual de alta.

Segundo o especialista, após a correção de preços administrados no primeiro trimestre do ano não há pressões significativas sobre os preços ao consumidor nos próximos meses. "Os próximos reajustes que estão previstos devem vir dentro do esperado e similares ao que foi no ano passado", pontuou, argumentando que estas novas altas não devem impactar o resultado do indicador em 12 meses.

Serviços

Analisando a inflação de serviços, o superintendente adjunto de inflação da FGV ressaltou que mesmo com a desaceleração da economia, a alta de preços no setor segue acelerando, mesmo que ligeiramente.

Enquanto a inflação de bens de consumo registra taxa acumulada nos 12 meses até maio de 5,45%, nos serviços livres (excetuando os administrados) o avanço está em 9,35%, sendo que no acumulado dos 12 meses de 2014, o avanço foi de 5,65%.

"Os serviços livres ainda não reagiram à mudança de compasso na dinâmica econômica", pontuou Quadros.

Para ele, o efeito do desemprego e da desaceleração da economia vai aparecer de maneira lenta e gradual nos preços de serviços. "A contribuição da queda de preços dos serviços livres para o arrefecimento da inflação vai ser pequena neste ano", estimou.

Para ele, no entanto, este movimento é imprescindível para que a inflação caminhe para o centro da meta até o fim de 2016. "Sem uma contribuição de serviços, vai ser difícil o Banco Central, levar a inflação para 4,5% no ano que vem", disse.

IPA

Quadros afirmou ainda que a maior contribuição para a desaceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) partiu do grupo das matérias-primas brutas, especialmente das de origem agropecuárias. "Quase dois terços da desaceleração do IPA veio das agropecuárias", afirmou.

O IPA recuou de 1,41% para 0,30% entre abril e maio. Já o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou alta de 0,41% em maio, após avançar 1,17% em abril.

Do recuo de 1,11 ponto porcentual do IPA no mês, as matérias-primas brutas contribuíram com -0,59 ponto porcentual, sendo que as agropecuárias influenciaram com -0,68 ponto porcentual. Já as de origem mineral tiveram contribuição positiva de 0,09 ponto porcentual.

Ao detalhar que movimentos contribuíram para a queda no IPA Agro, Quadros citou a retração nos preços da soja em grão e também dos bovinos, que passaram de alta de 2,10% para 0,87%.

"A pecuária não está em período de entressafra, além disso, em época de chuvas, os animais ganham mais peso", citou como fatores que contribuem para a desaceleração dos preços de bovinos. Já os preços de suínos aprofundaram a deflação, passando de -5,32% em abril para -6,18% em maio.

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