Investimento: o que frustrou as novas expectativas foi o resultado de dezembro, quando US$ 739 milhões entraram no país, resultado bem abaixo da projeção do BC de US$ 2,6 bilhões (Ricardo Moraes/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 10h57.
O investimento direto no país (IDP) foi de US$ 34,2 bilhões em 2020, o menor resultado anual desde 2009, de acordo com as estatísticas divulgadas nesta quarta-feira pelo Banco Central (BC).
Desde os primeiros impactos econômicos causados pela pandemia, em abril de 2020, o país vem registrando investimentos abaixo da média registrada nos últimos anos. Com um cenário econômico de mais incerteza e riscos, os possíveis investidores tendem a se resguardar e postergar decisões.
Além de ser o menor em 11 anos, o resultado de 2020 é metade do registrado em 2019, quando US$ 69,2 bilhões entraram no país. O número também está abaixo do projetado pelo Banco Central em dezembro.
Por conta dos efeitos da crise durante o ano, o BC havia recalculado suas projeções e diminuído as expectativas de IDP para 2020 de US$ 50 bilhões para US$ 36 bilhões.
O que frustrou as novas expectativas foi o resultado de dezembro, quando US$ 739 milhões entraram no país, resultado bem abaixo da projeção do BC de US$ 2,6 bilhões.
O IDP engloba investimentos mais duradouros no país, como a expansão da capacidade produtiva de uma fábrica ou investimentos em uma nova filial de uma empresa estrangeira. Para 2021, a expectativa é que US$ 60 bilhões entrem no país.
Para janeiro, o BC projeta que US$ 2,8 bilhões entrem no país.
Os brasileiros gastaram apenas US$ 5,4 bilhões no exterior em 2020, o menor registro desde 2005, quando US$ 4,7 bilhões foram gastos. O resultado reflete os efeitos da pandemia e as medidas de restrição de locomoção em todo o mundo.
Na comparação com 2019, quando os brasileiros gastaram US$ 17,5 bilhões lá fora, a queda é de 69%.
As quedas históricas também refletiram nos recursos que entram no país a partir do turismo internacional. Em 2020, estrangeiros gastaram apenas US$ 3 bilhões no Brasil, metade do registrado em 2019. É o menor número desde 2003.
O resultado das viagens internacionais, com menos dinheiro saindo do país, contribuiu para o menor déficit nas contas externas desde 2007, que incluem, entre outras coisas, os resultados da balança comercial, de serviços (como viagens internacionais) e da renda primária (lucros e dividendos).
Em 2020, o déficit foi de US$ 12,5 bilhões, 75% menor do que os US$ 50,7 bilhões registrados em 2019.
O principal efeito nesse resultado veio da conta da renda primária, que registrou um déficit 33% menor em 2020 do que em 2019, caindo de US$ 57,3 bilhões para US$ 38,2 bilhões.
O principal fator foi a queda na atividade econômica que, por sua vez, causa uma redução nos lucros e diminui o montante de recursos que empresas estrangeiras com filiais no Brasil mandam para as suas sedes.
Outro ponto que contribuiu foi o resultado positivo da balança comercial, de US$ 43,2 bilhões, superior aos US$ 40,5 bilhões de 2019. A principal explicação é que a pandemia causou uma queda mais acentuada nas importações do que nas exportações, o que torna o saldo maior.