Investimento estrangeiro: analistas esperavam, em média, US$ 6 bilhões para abril (Andrew Harrer/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2016 às 11h35.
Brasília - Os Investimentos Diretos no País (IDP) movimentaram US$ 6,820 bilhões no mês passado, segundo informações divulgadas nesta terça-feira, 24, Banco Central (BC).
O montante, trazido ao Brasil por estrangeiros e destinado para o setor produtivo, ficou acima das estimativas do mercado apuradas pelo AE Projeções, que iam de US$ 3,800 bilhões a US$ 6,500 bilhões, com mediana de US$ 6,000 bilhões.
No ano até abril, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo soma US$ 23,753 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses até o mês passado, o saldo de Investimento Estrangeiro ficou em US$ 79,903 bilhões, o que representa 4,61% do Produto Interno Bruto (PIB).
O Banco Central também apresenta nas estatísticas o conceito de "lucros reinvestidos" - que ocorre quando uma empresa obteve um lucro e decide manter esses recursos no Brasil ao invés de repatriá-lo para a matriz.
Essa conta tem impacto no registro de IDP, mas não afeta o fluxo cambial. Em abril, os lucros reinvestidos ficaram negativos em US$ 621 milhões.
O investimento estrangeiro em ações brasileiras ficou positivo em US$ 1,581 bilhão em abril. Em igual mês do ano passado, o resultado havia sido maior, de US$ 3,765 bilhões. No ano até abril, o saldo está no azul em US$ 4,482 bilhões.
As aplicações em ações negociadas no País somaram US$ 1,162 bilhão. Já as negociadas no exterior (ADRs) registraram um saldo negativo de US$ 5 milhões.
O saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa negociados no País ficou negativo em US$ 125 milhões em abril e positivo em US$ 7,195 bilhões no acumulado de 2016 até o mês passado. Em igual mês do ano passado, essas aplicações tiveram saldo positivo de US$ 3,504 bilhões.
O aumento da procura por esses títulos teve início em junho de 2013, quando o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeira (IOF) sobre esse tipo de aplicação.
Mais recentemente, o ciclo de aperto monetário aumentou o diferencial de juros entre o Brasil e o restante do mundo, tornando as aplicações brasileiras de renda fixa mais interessantes para os estrangeiros.
O investimento em títulos negociados no exterior ficou negativo em US$ 794 milhões em abril e em US$ 2,311 bilhões no ano até o mês passado.
Em abril, os fundos de investimento apresentaram aplicações US$ 424 milhões maiores do que os saques. Em março, o resultado ficou superavitário em US$ 203 milhões.
O resultado de abril é fruto de ingressos de US$ 658 milhões e saídas de US$ 234 milhões. Em abril do ano passado, o resultado estava positivo em US$ 612 milhões.
Desde o ano passado o Brasil perdeu o grau de investimento nas três maiores agências de classificação de risco, Standard & Poor's, Moody's e Fitch.
Quando um País perde o selo de bom pagador, os fundos ficam mais reticentes em enviar recursos para o local porque há regras específicas que impedem aplicações em Países que não têm o título por pelo menos duas agências.
O Banco Central informou que a taxa de rolagem de empréstimos de médio e longo prazos captados no exterior ficou em 79% em abril.
Esse patamar (abaixo de 100%) significa que houve valor menor que o que suficiente para honrar compromissos das empresas no período.
O resultado ficou abaixo também do verificado em abril do ano passado, quando a taxa havia sido de 108%.
De acordo com os números apresentados hoje pelo BC, a taxa de rolagem dos títulos de longo prazo ficou em 23% em abril. Em igual mês de 2015 havia sido de 14%.
Já os empréstimos diretos conseguiram uma cobertura de 91% no mês passado, ante 125% de abril do ano passado.
No ano, a taxa de rolagem total é de 45%. Os títulos de longo prazo tiveram taxa de 42% e os empréstimos diretos, de 46% no período.