Economia

Intenção de compra no Natal é a menor em 6 anos

Intenção de compras no Natal atingiu menor número desde 2008, durante a crise mundial


	Natal: intenção de compra para o final do ano é a menor em 6 anos
 (Marcello Casal Jr./ABr)

Natal: intenção de compra para o final do ano é a menor em 6 anos (Marcello Casal Jr./ABr)

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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2014 às 07h28.

Rio - A árvore de Natal dos brasileiros deve ficar mais modesta este ano, diante da sinalização de que as compras serão mais enxutas e a busca por promoções será maior. Um quesito especial da Sondagem do Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que a intenção de compras de Natal pelas famílias atingiu o menor nível desde 2008, no auge da crise mundial. Ao todo, 43% dos entrevistados pretendem gastar menos neste fim de ano.

Para o comércio, os sinais são de vendas fracas na data comemorativa mais relevante para o setor. O indicador que calcula a intenção dos gastos dos consumidores para o Natal ficou em 69 pontos, queda de 11,6% em relação a 2013 - a pergunta é feita nas sondagens de novembro. Enquanto quase metade das famílias deve apertar o cinto do orçamento natalino, apenas 12% pretendem ampliar os gastos com presentes. Os demais manterão o valor reservado à data no ano passado.

Em 2013, 34,2% dos consumidores pretendiam reduzir as compras. Os dados foram obtidos com exclusividade pelo Broadcast, serviço em termo real da Agência Estado.

Para a instituição, os dados mostram que o consumidor brasileiro será "especialmente parcimonioso com os gastos de Natal este ano". Desde o início de 2014, economistas da FGV destacam a postura cautelosa das famílias, diante de uma percepção menos favorável sobre a economia, do crédito mais caro, do peso maior da inflação no orçamento doméstico e da insegurança em relação ao mercado de trabalho.

Só neste ano o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) já recuou 14%, ao menor patamar desde dezembro de 2008. "O quesito mostra que a cautela em relação às compras se transfere para o Natal", afirma a economista da FGV Tabi Thuler Santos, responsável pelo levantamento. "As expectativas pioraram em novembro, e há perspectiva de aumento de juros e inflação alta. Não esperamos recuperação da confiança no curto prazo", acrescenta.

Cortes

Para fugir dos grandes gastos, a funcionária pública Márcia Araújo, de 37 anos, vai apostar no "amigo secreto". Ainda assim, os brinquedos para a filha devem engordar a lista de presentes. Ao todo, ela pretende gastar R$ 400, cem reais a menos do que no Natal passado. "Quero tentar diminuir o valor por causa da inflação. Os preços estão mais altos", disse ela.

Já a secretária Rosana Mourão, de 39 anos, aguarda o pagamento da segunda parcela do 13.º salário para decidir os presentes - já que a primeira parte foi toda empenhada em dívidas. "Já cortei muitas coisas, vou comprar presentes só para as três crianças da família." Nas contas dela, os gastos devem chegar a R$ 100, um terço do orçamento natalino de 2013.

Apesar disso, há quem tenha ampliado os gastos. Em sua estreia como Papai Noel, no centro do Rio, o estudante de engenharia Daniel Resende, 21 anos, gastou R$ 500 com brinquedos, algo inexistente em sua lista do ano passado. "Acho que é meu dever ajudar, então comprei cem brinquedos para doar."

Preço médio

Com mais gente querendo poupar, o preço médio previsto para os presentes também caiu para R$ 59,64 neste ano. Trata-se do menor valor de toda a série histórica apurada pela FGV. Ao todo, mais pessoas pretendem dar presentes cujo custo fique em até R$ 20. "Pode ser que o consumidor esteja buscando comprar em promoções", afirma Tabi.

Para o comércio, que já amargou um ano de vendas fracas, o resultado indica que o Natal não será alentador. A principal data comemorativa para o setor deve ter movimento pouco acima do registrado em 2013. A FGV espera que seja o pior desempenho desde a crise.

Já a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê avanço de 2,3% no volume de vendas neste Natal em relação ao ano passado. Essa projeção vem sendo constantemente revisada para baixo e aponta para o pior final de ano desde 2004, quando o cálculo começou a ser feito pela instituição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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