Economia

Inflação surpreende e fica em 0,40% em maio puxada por gasolina, diz IBGE

Combustíveis, energia elétrica e preços de alimentos pesaram na taxa, que já incorpora alguns efeitos da greve dos caminhoneiros

Gasolina teve 3,34% de alta e 0,15 p.p. de impacto na taxa final (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Gasolina teve 3,34% de alta e 0,15 p.p. de impacto na taxa final (Fernando Frazão/Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 8 de junho de 2018 às 09h01.

Última atualização em 8 de junho de 2018 às 11h45.

São Paulo - A inflação no Brasil foi de 0,40% em maio, acelerando em relação aos 0,22% de abril e mais alta do que os 0,31% de maio de 2017.

O acumulado nos últimos 12 meses ficou em 2,86%, ainda abaixo do piso da meta do governo - que é de 4,5% com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo (3%) ou para cima (6%).

Os números são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e foram divulgados na manhã desta sexta-feira (08) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A previsão do mercado era de uma taxa mensal na faixa entre 0,28% (IBRE/FGV) e 0,36% (MB Associados).

A greve dos caminhoneiros impactou a taxa, já que os primeiros bloqueios foram no dia 21 de maio e a coleta de preços do IBGE foi até o dia 29.

"Pegou a ponta final do IPCA e puxou o número como esperado, mas dá para dizer que o impacto não foi tão significativo. Esperamos que junho pode voltar um pouco, mas há o receio agora de um impacto do câmbio", diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, em e-mail para EXAME.

Grupos

Dos 9 grupos pesquisados pelo IBGE, só Artigos de Residência teve queda de preços em maio: -0,06%.

O grupo Habitação subiu 0,83%, a maior alta do mês, e contribuiu sozinho com 0,13 ponto percentual no índice final.

A maior parte disso é por causa da energia elétrica que acelerou a alta de 0,99% em abril para 3,52% em maio.

Desde o primeiro dia do mês passado está em vigor a bandeira tarifária amarela, que adiciona R$ 0,01 a cada kwh consumido.

Outros itens que pesaram foram o gás encanado (0,91%), impactado por reajuste no Rio de Janeiro, e taxa de água e esgoto (0,27%), refletindo reajustes em Curitiba e Recife.

O grupo Transportes, que havia tido inflação zero em abril, foi a 0,40% em maio com impacto de 0,07 ponto percentual na taxa final.

Puxaram para cima as altas da gasolina (3,34% de variação e 0,15 p.p. de impacto) e do óleo diesel (alta de 6,16% e 0,01 p.p. de impacto).

Mas pesaram para baixo as passagens aéreas (-14,71% de variação e -0,05 p.p. de impacto) e o etanol (-2,80% de variação e -0,03 p.p. de impacto).

Alimentação e Bebidas, de longe o grupo com maior peso no índice final, acelerou de 0,09% em abril para 0,32% em maio.

Aceleraram tanto os alimentos para consumo no domicílio (0,36%) quanto a alimentação fora de casa (0,26%)

"A inflação de alimentos surpreendeu para cima e parte disso pode ser simplesmente reflexo das disrupções de transportes e logística causadas pela greve dos caminhoneiros", diz nota de Alberto Ramos, chefe de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs.

Alguns dos itens com maior alta foram a cebola (de 19,55% em abril para 32,36% em maio) e a batata-inglesa (de -4,31% em abril para 17,51% em maio).

GrupoVariação abril, em %Variação maio, em %
Índice Geral0,220,40
Alimentação e Bebidas0,090,32
Habitação0,170,83
Artigos de Residência0,22-0,06
Vestuário0,620,58
Transportes0,000,40
Saúde e cuidados pessoais0,910,57
Despesas pessoais0,120,11
Educação0,080,06
Comunicação-0,070,16

 

GrupoImpacto abril, em p.p.Impacto maio, em p.p.
Índice Geral0,220,40
Alimentação e Bebidas0,020,08
Habitação0,030,13
Artigos de Residência0,010,00
Vestuário0,040,03
Transportes0,000,07
Saúde e cuidados pessoais0,110,07
Despesas pessoais0,010,01
Educação0,000,00
Comunicação0,000,01

 

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